Refugo da globalização.

Lixo é o excesso do objeto de desejo, é quando o desejo não se satisfaz mais com o que sobrou. O lixo é aquilo que ficou obsoleto, que foi ultrapassado, que se tornou inútil, feio e enjoativo. Enquanto sociedade de consumo, fazemos parte da cultura do lixo. Uma cultura que não atinge somente os objetos consumidos, mas que atinge também o processo de produção, cada vez mais ligado com a descartabilidade e com a novidade, do que com o sonho do objeto que não se quebra, que não se torna obsoleto. Útil para sempre.

Além disso, nós, enquanto humanos, também nos tornamos lixo. Por um lado, por que somos mercadoria e por que somos consumidos – o músico, o amante, são todos prestadores de serviço que podem ser ‘demitido’ a qualquer momento. Por outro lado, há o lixo humano, o refugo, as sobras da globalização, os marginais do processo de construção da ordem e os excedentes populacionais não-empregáveis.

Somos o refugo de um lixo global onde a analise feita é que como o lixo, somos totalmente descartaveis...

Não há como fugir disso: as pessoas viram refugo por que não se adequam às novidades da ordem – se tornam trabalhadores impossíveis de serem empregados e se tornam sujeitos impossíveis de consumo em uma sociedade de consumo; as vítimas do progresso econômico, que são os excedentes populacionais que não têm mais pra onde serem lançados, são os inimpregáveis, também, que por não consumirem, também não se adequam à construção da ordem, como já dito… São o peso morto de um capitalismo automatizado e flexível, estão em demasia e fazem do lugar onde vivem, um lugar superpopuloso.

Os refugos do processo de globalização são aqueles que terminam em campos de refugiados, são os imigrantes ilegais, são aqueles que se tornam vítimas dos conflitos internacionais/globalizados e que, ao mesmo tempo que precisam sair de seu território de origem (que já foi ou será destruído), não têm permissão para entrar em território dos países de primeiro mundo. Ficam presos nos campos de refugiados sob um estatuto de não-direitos. Não são ninguém.

São aquelas que não se adaptam, a uma nova condição,esse é o refugo de um processo de globalização uniforme e radical em todas as esferas.

Ps: Esse texto é uma adaptação de um texto de Zygmunt Bauman.

Leandro Vidile
Enviado por Leandro Vidile em 27/05/2015
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