Manutenção

Talvez a alma, assim como as máquinas de uma indústria, necessite entrar em manutenção algumas vezes. E então, procura encontrar lá fora o que, no fundo, está é aqui dentro mesmo. Mas... A bagunça parece tão interminável; tem tanta coisa em cima de tantas outras coisas. E aí, o que você quer encontrar está na gaveta mais óbvia. A gente sempre abre a gaveta mais óbvia por último.

E a face traz gotas de suas duas mais expressivas origens: o calor do mundo imperdoável lá fora, que não cessa; e o frio da alma triste (ou apenas qualquer outro diagnóstico de um defeito que surgiu) aqui dentro. Elas se misturam no ponto final. Tudo torna-se uma coisa só; é o (des)equilíbrio.

É aí que, no espaço de tempo conturbado de uma manutenção, encontra-se algo que estava sempre aqui (aquela gaveta!), mas que fui buscar na fronteira mais distante (a gaveta menos óbvia).

Acho que estou em manutenção.

Fernanda Diesel
Enviado por Fernanda Diesel em 26/05/2015
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