Manutenção
Talvez a alma, assim como as máquinas de uma indústria, necessite entrar em manutenção algumas vezes. E então, procura encontrar lá fora o que, no fundo, está é aqui dentro mesmo. Mas... A bagunça parece tão interminável; tem tanta coisa em cima de tantas outras coisas. E aí, o que você quer encontrar está na gaveta mais óbvia. A gente sempre abre a gaveta mais óbvia por último.
E a face traz gotas de suas duas mais expressivas origens: o calor do mundo imperdoável lá fora, que não cessa; e o frio da alma triste (ou apenas qualquer outro diagnóstico de um defeito que surgiu) aqui dentro. Elas se misturam no ponto final. Tudo torna-se uma coisa só; é o (des)equilíbrio.
É aí que, no espaço de tempo conturbado de uma manutenção, encontra-se algo que estava sempre aqui (aquela gaveta!), mas que fui buscar na fronteira mais distante (a gaveta menos óbvia).
Acho que estou em manutenção.