Bolgia
Um dia lerão nos livros de História que houve um tempo em que as pessoas tinham limites morais orientados pela vida em sociedade e pela família tradicional (Moral? Que palavra antiquada...).
Exclamarão diante de tamanho absurdo.
Afinal cada um que cuide da sua vida e faça dela o que bem entender!
Nesta época, se viverá a plenitude, onde o ser humano terá todo o direito de desenvolver ao máximo suas potencialidades em nome da felicidade.
Afinal, o homem nasceu para satisfazer plenamente seus desejos.
Não haverá limites ou véus.
A Sociedade não será mais alternativa, parafraseando Raul Seixas.
As múltiplas alternativas é que farão a sociedade.
Se dirá: os que estabeleceram as regras e impuseram os limites foram os dominadores, encarceradores!
Os sons dos nomes dos grandes referenciais espirituais da Humanidade soarão como a alcunha dos criminosos e causarão mal estar.
Serão completamente dissolvidos os princípios, a sensatez e a honra e se mergulhará profundamente nos sentidos, no delírio, afinal a vida é curta e deve ser aproveitada! Tudo é tão efêmero!
Por que as ruas precisam ser retas? Qual a necessidade de vestimentas? Das reverências? Dos nomes próprios? Da reprodução? Da responsabilidade? Da família? Dos dias? Das horas?
Cada qual que invente seu próprio nome, sua opção sexual, de acordo com o humor e a circunstância! Isso sim é Liberdade!
Que se rasguem os calendários e se quebrem os relógios!
De bom grado também seria que se riscasse o céu com perenes nuvens negras e se fizesse sumir os referenciais de tempo celestes.
Em todos os cantos do globo se presenciará com espantosa admiração os mais bizarros estertores da personalidade.
Nesse dia o Homem esquecerá quem é e encontrará o êxtase supremo do esquecimento.