Consciência de partes inconscientes
É algo maior, interno e externo
Já não sei ao certo o que é.
Algo que me tranca, me tira do ar.
Me desliga da tomada por minutos.
Já não sou mais a de antes, estou de passagem
Estou num mar sem canoa, na superfície
Numa chuva fina que molha a garganta.
O que me faz ficar sem voz.
Quero sair de onde estou.
Quero ir pra qualquer outro lugar.
Porém, já me sinto bem agora.
Sinto que estou em transição.
Sinto que algo esta se modificando em mim.
Compreendo o processo disso tudo.
Mas não o que está acontecendo.
Quero deixar que isso continue do modo certo.
Sei que essa sensação vai passar.
Que esses nós vão se desprender, aos poucos
E eu poderei estar em liberdade logo.
O frio que enlaça a madrugada não me amedronta mais.
O escuro dos meus desejos já tem luzes.
Pois lembrei que, escuridão não é ausência de luz
E sim, um pequeno esquecimento de acende-la.
O que posso esquecer dentro de uma gaveta,
Só a mim cabe lembrar de abri-la.
E ninguém mais, porque só eu sei o que tem lá dentro.
Qualquer sentimento então recôndito,
Sei que vai vir à tona no lugar preciso.
Eles não são independentes, os sentimentos.
Eu sei que eles existem e fazem ser quem sou.
As luzes então se alvoroçam na escuridão
Iluminando o espaço que antes não se via.
Já não sou a mesma do começa destas letras.
Escrevo com a possibilidade de expurgo
O que me acalma e me dá prazer.
São momentos assim que eu sou eu.
Não quero cacos de vidros onde posso me cortar
Não quero coração partido que possa me alterar
Não estarei down again and again pelo mesmo motivo.
Não quero degustar um sofrimento gratuito
Não quero ser o jovem Werther, já dei adeus a ele.
Quero outra coisa que ainda não nomeei,
Entretanto, sei que estou bem perto de descobrir.
Já tomei as próximas decisões
Reabri uma porta que tranquei a tempos
Depois que entrar nela eu trancarei a outra
E assim vai, o que começa termina
Estas palavras que eu escrevi agora
Serão mais uma página apenas.