por mais algum tempo

O relógio marca exatamente meia noite e cinco minutos.

não há hora mais clichê para começar a escrever algo... mas aqui estou.

Vejo a chuva cair da janela da sala. Já é quase junho e tarda a esfriar. Na verdade, Recife nunca esfria, mesmo no inverno... Só fica molhada.

Ainda assim, a água já estava tardando a chegar e algo me diz que a chuva de hoje não parece que veio pra ficar.

Amanha, provavelmente vou acordar as sete e pouca da manhã e dar de cara com um sol de rachar.

Me sento na janela e deixo os respingos molharem meu rosto.

Não se escuta nenhum barulho, além do que fazem as gotas ao caírem no chão.

Sinto uma paz incomum na minha vida nos últimos tempos.

Talvez seja o apartamento novo.

talvez seja a certeza de um salário na conta no começo do mês.

talvez seja o relacionamento novo,

talvez seja o amor pura e simplesmente.

Tenho estado muito pensativo. Muito mais do que o normal.

Geralmente fico assim nos dias que antecedem meu aniversário.

em 11 dias terei 29 anos e estarei beirando os 30.

Me pergunto se isso significa alguma coisa além de um ano a mais na conta.

Estou ficando velho. Velho demais para algumas coisas... e talvez na idade certa para outras.

Me pergunto onde estarei daqui a dez anos... daqui a vinte anos.

Não encontro resposta nenhuma, mas isso não me incomoda.

Só espero que a paz permaneça.

Pelo menos por mais algum tempo.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 20/05/2015
Reeditado em 22/06/2015
Código do texto: T5248271
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