Inteligência.
Sempre pedi a Deus que me desse "inteligência", pois com essa qualidade poderia entender melhor as pessoas , este mundo a minha volta, o do meu tempo,o qual fui inserido . Alguns valores nasceram comigo, outros recebi na educação, e muitos foram duras conquistas no aprendizado da vida, a melhor das escolas para quem tem o coração aberto, e aprende a selecionar e assimilar.
Nem sempre estamos abertos a inteligência, que parece ter ficado escondida na gaveta do criado-mudo, e nesses dias levamos tantas cabeçadas, e o pior é que percebemos claramente , e nos sentimos mal, culpados pela falta de visão, precipitação, por magoar injustamente, ou por fazer algo que nos levará a um arrependimento, ou a uma reparação, pois refazer sempre dá mais trabalho do que fazer. Então reflito, procurando um consolo para a minha falta de visão; " Se percebi, é porque sei que poderia ter feito diferente, e isto já é alguma coisa que presta ,ponto um, agora vamos para ponto dois...", equalizando as ideias.
A minha mãe me dizia na infância; " O teu irmão tem aquela inteligência escolar, para as matérias, mas você tem a inteligência de perceber a vida" , e acho que poucas vezes recebi um elogio tão bonito, que me desse tanto conforto e calor. Nem sempre tenho visão , e apanho mais do que bato, se é que me entendem, mas aquela frase da infância me serve de armadura e de espada, e procuro não decepcioná-la em pensamento.
Dias atrás assistia "Forrest Gump", um filme que todos conhecem, onde o rapaz (Tom Hanks), tem limitações intelectuais, e é mandado à guerra do Vietnã, e o negócio dele é correr, o que ele faz de melhor, o único ponto que o destaca dos demais, mas tem uma sensibilidade enorme e um prisma óptico para ver o mundo, que é só dele. Aquilo tudo me fez pensar, e acho que ter um coração capaz de sentir é muito mais importante que uma mente brilhante, mesmo que se esteja andando na contramão, não se fere na integridade, e isso é muito importante.
Viver socialmente é vital, e o equilíbrio caminha com a razão, caso contrário iríamos ser um eremita no deserto, e viver apenas de reflexões, comendo lagartos, o que seria entediante e nada produtivo, mas nunca se esquecer de olhar o entorno com olhos de criança, tirar a roupa de predador pois não precisamos dela, nada acrescenta, mas se manter inserido no contexto para seguir adiante.
Quando peço inteligência à Deus, peço na realidade visão, entendimento e calma, para não errar muito, evitar as precipitações e armadilhas, não pisar em falso, e penso que é inteligência, mas nem sempre é.