Palavras sem sentido
As palavras no pensamento são livres
Mas depois se fixam em um papel
Para quê então registrar palavras imóveis? Inertes? Inúteis?
Palavras que não inventam o que é mais urgente inventar
Escreverei minhas palavras
No fundo de um caderno
Para depois guardá-las
Em álbuns de fotografia
Não há mais sentido em compartilhá-las
Ou então as jogarei ao lodo
De minhas paranoias
Como quando me vejo em duas pessoas
Que envergonhadas
Trocam rápidos pensamentos
Quem sabe colocar estas palavras no íntimo
Do buraco do dente
E na saliva do beijo mal dado
Se pudesse, jogaria de comida para os porcos
De que me vale isto?
Significados? Texturas?
As palavras têm vida
E podem percorrer caminhos diversos
E assim como a vida
Servem apenas para se autogerar
Por isso, as vezes, minhas palavras querem ter o máximo de filhos
E minha vida o máximo de palavras
Mas morrer é o principal sentido da vida
Calar as palavras...