saudade
Não tenho saudade de você.
falta me faz aquela cara de ódio superficial que no primeiro olhar me permitia ver que a tempestade nada mais era uma tentativa de esconder os mais lindos corais mantidos intactos graças ao imponente mar que era transbordado por si mesma a cada dia.
não me importava com você, só fazia de tudo pra transformar em segundos todos os seus problemas em algo aparentemente irrelevante perante a mim, mesmo os acidentes foram propositais na esperança de quê causando uma tempestade teria então salvo a brisa das mais colossais montanhas erguidas sobre traumas e decepções que eu sempre fingi não levar a sério.
és um cacto, resistente e perigoso com seus espinhos feitos a partir da necessidade de se proteger do pouco nada que lhe aparece na imensidão desse deserto de pessoas que cada dia mais se preocupam em jogar ao invés de mostrar.
não me culpo por sua ausência, mas todo dia tento deixar de lado as palavras que ouvi em tom de desafio e que eu nunca respondi por não merecer vencer.
você não acreditou enquanto eu me preocupava em fazer de tudo que te tirasse o foco a ponto de transformar raiva em risos ao longo das semanas.
somos diferentes, você habita outro lugar, sua mente é um templo e a minha é um bar. mas ainda acredito que um dia a gente vá se completar.