Arte
Há uma diferença comum entre pares nas áreas artísticas que faz com que elas se tornem horizontes maiores que poderíamos compreender até então. A literatura, a filosofia, a música e a pintura são de longe as artes mais solitárias, produzidas nos momentos mais introspectivos da alma, e enquanto estas caminham por pilares grandiosos de montanhas de neve, até seus cumes e pontas polares, e neste momento, cuida de não morrer de tanto violento e tumultuoso frio, alcançando nesses a plenitude da vocação não só da vontade de resistência, como a vontade de criação, expandindo a si mesma até aos mais altos pontífices de suas forças. A dança e o teatro, por outro lado, são também solitárias, mas nestes dois casos a solidão é compartilhada com o restante do grupo, das pessoas que as produzem, dos estilistas, dos bastidores, as luzes de fundo, o palco, a platéia mais que presente, os vistos aplausos, enquanto que as outras o são aplaudidas apenas a meio fio, sem um público realmente presente, luzes de fundo e toda a rede de bastidores que as poderiam proporcionar companheirismo instantâneo. É preciso ser forte para costurar arte, e não qualquer uma, mas aquela que nasce da mais impiedosa sensação de que a vida, por si mesma, não basta.