Ética!?

Ética!? Brincadeira! Quando uma parcela enorme da população mundial (talvez mais da metade da humanidade) padece do abandono social, sofre fome, miséria, dor, doenças, são exploradas, e são verdadeiros excluídos de toda, ou da maior parte, da dignidade humana, falar em ética é brincar de se enganar. Nossa ética, quando a temos, é pequena e localizada, e fortemente contaminada por interesses e preconceitos. O Triste é que no geral não nos revoltamos mais com o sofrimento alheio. Fazer caridade é necessário, mas a revolta que pode ser inclusiva, e motivadora de uma transformação da sociedade, todos temos desculpas para não nos envolvermos nela. Ética é uma palavra bonita em discursos e em defesas próprias, mas o sofrimento é a condição dominante para uma imensa parcela dos seres vivos, e tudo isto para servir realmente a muito poucos, no geral nos omitimos apenas por migalhas e por medo de perder o que é nosso, quando muitos sequer sabem o que é ser em verdade, quanto mais desfrutar de algo ter.

Sou um repugnante ser, pois minha revolta não é suficiente para abandonar a mim mesmo em uma luta séria e compromissada com a dignificação de todos, e não apenas dos que me envolvem. Tenho vergonha de ser humano sem ter humanidade verdadeira.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 12/05/2015
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