Um roteiro para minha vida

Sinto uma sensação de aprisionamento dentro da minha própria pessoa, do meu próprio ser. Não consigo desprender-se da completa nulidade que sou. Parece me que não tenho escapatória. É muito angustiante ter que ser eu. É demasiado horrível ter que acordar sendo eu, vivendo uma vida inútil. Sou a prova mais cabal de que algumas pessoas jamais deveriam ter nascido. Tudo parece uma encenação! O pior é que comigo nem fingir as pessoas querem. Basta eu chegar em um ambiente sorridente para que que o lugar vire um funeral. Valho menos do que nada! Um erro de cálculo do Todo Poderoso. Uma prova de que ELE é falível. Não sirvo para ser objeto de piedade ou compaixão de ninguém. Aliás, ninguém sentiria nada por esta carcaça de carne e osso.Sou claustrofóbico de mim mesmo! Tento me evitar! não consigo! As pessoas, o mundo! Tudo tão fútil! Minha futilidade não se encaixa com a futilidade de todos e tudo! Imbecilidades sorridentes, escravos do riso fácil, da "vida que deu certo" nesse mundo de vaidades toscas. Na verdade, sou uma parte das suas inutilidades úteis desse mundo que exige performance até para "cagar"! Minha plenitude sempre se dará no nada, no vazio, na insignificância. Burocratizado está até para falar um oi.

Oswaldo Rolim da Silva Junior
Enviado por Oswaldo Rolim da Silva Junior em 11/05/2015
Reeditado em 06/03/2016
Código do texto: T5238063
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