A VIDA É O DESAFIO DE GANHAR E A ARTE DE PERDER

A vida é o desafio de ganhar e a arte de perder.

É o desafio de ganhar. Desde criança os pais não admitem que seus filhos fiquem de recuperação nas matérias escolares. Nos campeonatos esportivos desenvolveram em nas suas crias a síndrome do ganhador. No trabalho devemos ser os primeiros. Um exemplo de assiduidade e superação a cada dia. O meu time deve ganhar sempre, a pátria não pode perder uma competição internacional. Nossa mente encheu-se do ganhar. Nas relações comerciais não importa se o outro negociante perca, contanto que eu ganhe estar tudo bem. A síndrome de ganhar expurgou a chance de errar, crescer e com isso aprender.

Por outro lado, a vida é a arte de perder. Na realidade lidamos constantemente com perdas. Embora não as aceitemos. No humo que dá vida as plantas estão os restos de um galho seco que ficou, de uma folha que se decompôs e de uma árvore que a muito foi exuberante e frutífera. A erva daninha se recente do sol de verão que sempre lhe tosta, mas ela insiste a cada ano em depositar mais e mais sementes depois de sua partida. Tudo será perdido, mas tudo será refeito novamente. A natureza nos mostra que a vida é a arte de perder e o desafio de ganhar.

A vida real, é mais feliz e vive melhor aquele que lida com naturalidade com os ganhos e percas. A pressão por ganhar, gerou em nossos dias, pessoas do tipo preocupadas, medrosas, nervosas e agitadas. Por que não dizer violentas, em casa, no trânsito e no trabalho. Aonde vão e de onde vêm se desproveram da paz. Porque temos a mentalidade do ganhar, não aceitamos a realidade da perda, por isso nos contentamos com discursos românticos e ilusórios que nos projetam para o mundo da ficção. Onde a vida do outro é a melhor, e que eu ainda preciso ou tenho que viver aquilo que é mostrado nos cinemas. Então começamos a buscar coisas que a tevê disse que eu tenho que ter.

Nem sempre a gente ganha. Um dia, todos nós vamos perder aquilo que mais valorizamos. Se formos projetados para entender e aceitar perdas irreversíveis, continuaremos sem revolta e sem mágoa. Mas se formos projetados para ganhar sempre, então não saberemos lidar com a perda. Por uma razão simples: “Nos ensinaram a ganhar! E não nos apresentaram a arte de perder!”