O vai e vem de amigos
Cheguei no mundo sem ter a mínima consciência do que eu poderia encontrar por aqui. Fui acolhido da melhor maneira possível e, até uma certa idade, fui vigiado 24hs. Devagar fui sendo libertado, até que um dia tive a oportunidade de escolher meus próprios amigos. No entanto, eles passaram rapidamente, pois assim como eu, não tinham controle nenhum sobre suas vidas.
O que mais me dói é saber de suas existências e, nem sequer, saber seus nomes. Depois fui crescendo, crescendo e, novamente, amigos surgiam e, logo em seguida sumiam, quase que sem deixar rastro algum. Vieram então os amigos do peito, de fé, aqueles do tipo unha e carne. No meio deles alguns amores mais especiais e, mesmo assim, o tempo não repeitou meus sentimentos e, nem os de ninguém, sumiu com tudo,levando provas da existência e, até destes grandes amores.
Por fim, o tempo grudou em mim uma metade (ufa...bem que eu merecia), dai juntos, fomos os anfitriões de duas novas criaturas e, em meio a tudo isso nos integramos a vários amigos. Puxa! tínhamos a certeza que desta vez, já maduros e experientes nesta coisa de conseguir, perder e manter amigos, esta seria a última leva, estes estariam ali, grudados a nós até o fim. Que nada, os planos de cada pessoa são individuais e, nem sempre se cruzam. Antes, perdíamos os amigos no tempo, incluindo lembranças, nomes, contatos, no entanto, hoje, os perdemos com eles ali do nosso lado, olhando para nós, mas, com o olhar longe!
O pior é que apenas os mais sensíveis a esta "ausência presencial" sofrem e, é mais cruel ainda, saber que não conseguiremos explicações para tanta solidão, já que ela assombra gregos e troianos.
A única coisa que me tranquiliza é saber que teremos uma eternidade para rever nossos erros, parte dela cumprida por aqui e, o restante, sei lá onde.
Um brinde aos amigos de ontem, de hoje e de amanhã!