Medos

Costumo ser fechada, ainda tenho o medo de me relacionar.

Não me julgue, é só um mecanismo de defesa, pra não me dar mal.

Certa vez ouvi que entrar em uma relação é assustador, emocionante e novo. Porque aceitar uma pessoa em sua vida e entrar na vida dela é arriscado demais.

Mesmo correndo risco e com esse tal medo e alguns outros mais, conheci alguém.

Confesso, foi difícil me "entregar"... Era como se desse a chave da minha casa e dissesse "- Oi, pode entrar, fica a vontade. Ali esta a geladeira pode pegar água quando quiser, ali esta o sofá e bem ao lado o controle... Ah! E tem a cama, o melhor lugar e você pode deitar nú nela", e essa pessoa aceitasse o convite. E por mais que tenha rachaduras em boa parte das paredes, alguns móveis empoeirados e fora do lugar, essa pessoa entra e eu torci pra que ela pusesse tudo no devido lugar e fizesse daquela pequena casa, o seu mais novo lar.

Após esse medo do começo, iniciam-se outros, não menores ou mais simples.

Tive medo de ser aquele casal água de chuchu das redes sociais, dos quais esqueceram quem são,

pois todos que conheciam, sabe bem que tinham rotinas, amigos, hobbies... E não é que fazer coisas juntos não seja gostoso, mas que esquecer ou deixar de lado certas coisas tira nossa identidade.

Outro medo comum que tive é a questão de me empenhar demais pra "comprar" aquele sapato que paquerava tanto, sabia das minhas condições financeiras, mas me apertei e paguei em parcelas. Depois de tanto desempenho, percebo que a caixa estava vazia. Nesse caso o empenho veio só da minha parte e a outra pessoa fica ocupada demais recebendo os mimos, tão ocupada que não tem tempo pra retribuir.

Outro medo que tinha, era do relacionamento não virar amizade. Porque pensa como seria chato, receber uma promoção profissional, ou tomar um novo sabor de MC flurry do MC donald's e ligar pra minha mãe e contar. Bom, certeza que a primeira seria válida pra ela, mas a questão das simples coisas, fazem tanto sentido quando a ligação é pra aquele amigo que RI, ouve, comenta, curte e não compartilha suas "animosidades".

"Relação sem amizade é um sexo com um colega, sem nada íntimo".

Um medo mais comum, e que alguém pode se identificar, é o medo da substituição por alguém melhor. Esse "alguém melhor" não existe, o que há de verdade é a diversidade de pessoas, com suas adversidades. E acredito que se você faz da relação algo que dê motivos para seu companheiro ficar, como uma boa companhia, parceria e um bom diálogo... Esse alguém não vai querer te deixar, a menos que seja burro, ou se achar melhor e mais confortante, que não te "mereça".

Acabei de lembrar de um outro, perder a atração.

Seria estranho, beijar aquele velho vizinho da frente, que teve uma relação com você por 10 meses ou 10 anos, não se mensura tempo, relação é algo imprevisível. Não se perde atração, por uns quilinhos a mais (eu até prefiro), na verdade acho que isso só aconteceria pra eu, se as coisas pelas quais me dediquei me decepcionassem. Portanto, considero esse um medo distante, no meu atual momento.

Chegando ao fim, justamente o fim, é o último medo. É claro que em toda relação pode acontecer, é doloroso quando se gosta, por isso é tao arriscado entregar as chaves do coração a alguém.

Eu entreguei o meu,

Estou correndo os riscos.

Mas o mais bacana de tudo, e que a vida tem gosto de havanna, Nutella e aquele Biscoitinho safado que aparece quando você mais sente fome... Tem gosto!

E eu não arrependo de olhar não só no domingo de manhã, mas na sexta, no sábado e alguns dias aleatórios e ver a escolha que fiz. E apesar de todos os medos, encontrei alguém que quando olho pro lado vejo que tudo valeu a pena.

PS. Piolho