Seriamos sociais
Entendo que seriamos sociais se fossemos verdadeiramente humanos, e que seriamos humanos se fossemos realmente sociais. A humanidade, o sentido de ser humano, é um potencial de nossa espécie, e deveria ser nosso diferencial como seres vivos, e nele, o social seria verdadeiro e marcante, mas infelizmente aquele sentido de ser humano não amadureceu em nós, e no geral, o perdemos ao longo do tempo, se deteriorando e se desfazendo por falta de uso e aplicação, assim acabamos nos tornando desumanos cegos a nossa própria desumanidade, iludidos de que somos humanos, apenas por que nos conforta e nos faz mais valorosos nos sentir humanos, e assim, fazemos do social apenas e tão somente um mercado de trabalho e um potencial de lutas por poder e riqueza, onde a “eussocialidade” ficou apenas como um passo intermediário em nossa evolução para aquilo que hoje quase pejorativamente posso chamar de social. A sociedade que deveria ser composta por todos, com igual valor humano e igual representatividade, liberdade, e respeito humano, acaba por ser composta apenas por aqueles que possam produzir ou dominar. Se você não possui poder, se não produz, ou não conseguiu ser um verme que subsiste apenas à custa dos outros, você nada é nesta sociedade. Aos excluídos e abandonados sobra apenas o azar de terem nascidos, pelo menos até que sejam tantos que a revolução dos excluídos seja natural e dolorosa para todos nós que nos fazemos cegos para a existência e o sofrimento daqueles. A sociedade somos nós, o poder deve representar todos nós, assim temos ainda uma chance de evitar qualquer mal maior, apenas nos comprometendo seriamente com nossa sociedade, não com meus próprios interesses, mas com um comportamento político empático e de valorização de todos os seres humanos. A transformação social, passa pela nossa transformação enquanto seres sensíveis, comprometidos, e doados a causa da própria sociedade, pois que se encontra doente, mas podemos, juntos, de mãos dadas, de forma séria e cooperativa, transformá-la em uma sociedade plural, libertária, justa, e digna, em que possamos dizer e sentir que nossa sociedade agora é uma sociedade humana.