Abandonado
Cheirava à poeira. Um pequeno espaço o suficiente para eu me deitar e me encolher, se assim desejar. Abandonado, com raiva. Abandonado e desanimado. E quando estamos entristecidos assim desejamos não ver mais ninguém, mas a única pessoa que eu desejo ver vai crescer longe de mim. Com raiva.
Quando dei por mim, vi que não havia mais espaço onde antes residia, vi que não havia mais olhares de como antes me olhavam, bem casa, nem quarto, nem cama. ...Só sobrou eu (e sobrou pouco) e o que mais houvesse me comendo por dentro.
Não havia mais meu bairro, porque estava diferente e mudado, nem esconderijos porque eu não era mais eu, eu somente pude me enfurecer, eu somente pude guardar que fui abandonado e chotado se qualquer jeito, porque é o que aconteceu.
Entre verdades e mentiras prevaleceram a segunda. Eu já escutei isso uma vez, eu já ouvi esse conselho, e aconselhei também, e alertei, maa não tive atenção, não Nos deu importância é o que pareceu.
Para piorar, minha raiva toda ainda esta na minha integridade e bondade, que sobram demais até para existir, e então engulo calado, deixo-me ser destruído dia após dias e construído novamente noite após noite, dentro se um vício cíclico que injetaram em mim, sem eu pedir.