___Dizei-me do que precisas ...?
___Dizei-me do que precisas ..?
___Nada.
___O mesmo nada que respondes a perguntas feitas e que vestes o grito de mesmo silêncio dos culpados que juram juras eternas de amor divido... subtraído ... multiplicado pela insensatez do opio da mentira ..?
___Não, não falo deste nada, mas do nada existencial e pueiriu que descortina a minha realidade antes mesmo de estarem prontos os atores para a próxima cena no tablado da minha dor .
___Mas que dor se tem ao teu lado o escravo que sacia tua sede e que dá de bom grado sua carne para que teu egoísmo fique cada vez mais gordo e parado em cima das vistas que cegam o próximo que te amas.
___Sou sim dona, matriarca, imperatriz, e com toda a minha reserva de direito tenho pelas marcas e cicatrizes em minhas costas de funestos e tétricos pousar de dores causadas por tamanha inocência de minha juventude perdida ao lado do senhor feudal ... Do capataz... Do meu suposto dono que me roubou a juventude... Roubou-me minha autoestima.... Meus valores e deu-me uns trocados por um amor impoluto nascido , gerado no ventre de minha alma .
___Há dizei-me menina, mulher , fala a estes ouvidos que ouviram as trombetas da morte e que sentiram o hálito das Valquírias que és ainda a mesma mulher que pintas os ladrilhos da vida com as cores tiradas de teus olhos , fale menina mulher que nem os embrutecidos dissabores da vida e dos amores perdidos te tiraram a inocência do mais puro amor, deixe-me pegar-te no colo não como criança, não como amiga , mas como mulher e deixar a minha matéria ser consumida pelas mortais hordas carnívoras da ignorância , o que é a carne ante a beleza de tua alma...? Saibas que morrei tendo o meu corpo estilhaçado para simplesmente beber de teu sorriso...