Sobre o amor moderno
É engraçado como o "para sempre" de algumas pessoas acaba na primeira esquina. Hoje em dia é tanto "amor", "mô", "mozim", e no final, o que temos? Camas cheias e corações vazios. Perfis de relacionamento marcados e memórias pseudo-emocionais. Nunca uma geração soube amar tanto, mas também nunca se houve tanta depressão e solidão. Amar à distância é fácil demais, conviver com os sorrisos, com as palavras doces, os emoctions de coraçõezinhos nos olhos e beijinhos adocicados. O duro mesmo é a convivência. Há um velho ditado que diz que "para se conhecer bem alguém, coma sal junto dele". O advento das novas tecnologias nos surpreende e aproxima, mas nada, repito, nada substitui o prazer do contato físico. Não posso ver os olhos do outro brilharem pela tela do computador. Não sinto seu cheiro pelo tablet. Nem a maciez de sua pele via celular. Namorar é símbolo de poder, status. Quer dizer que você não é um chato solitário. Os meios midiáticos cospem em nossa cara todos os dias, das mais diversas formas, uma verdadeira torrente de cenas e incitações à relações, sejam sexuais ou afetivas. E, infelizmente, o imediatismo da informação e comunicação da nossa geração também está se refletindo nos nossos relacionamentos. Casais cada vez mais jovens postando fotos íntimas, vídeos vazados, e o que era para ser uma vergonha, acaba se tornando via de acesso à fama. Contradições, ora pois. Quero pensar diferente. Não importa o que os outros pensem, quero viver diferente. Porque alimentar um novo coração a cada semana torna-se demasiado vazio e sem graça. E muitos acabam buscando subterfúgios nas drogas, lícitas ou não, para sanar o seu próprio vazio existencial. Crianças, meras crianças, que já passaram por tantas camas que ninguém mais quer assumi-las. Jovens que se vendem por um passeio de carro do ano, um celular novo, qualquer coisa que lhe remeta à "ostentação". Hunft... Valores morais guardados lá no fundo do porão, enterrados sob uma camada grossa de poeira do aqui e agora. Deixe-me ser antiquada, chata, velha. Não me importo. Escolhi ser diferente e preencher meus dias com valores que crescem em longo prazo. Chega de banalidade. De futilidade. De risos sem sentido. Seja antes de ter. Faça antes de querer aparecer. Assuma-se humano, seja humano. Leia um bom livro, ouça música de qualidade, abrace seus pais, ame seus amigos. Os brindes se acabam quando o final da festa chega. E quando todos partirem, quem estará do seu lado? Quem lhe ajudará a arrumar a bagunça? A escolha é sua.