Abate e Dissolução do Amor
Momento 1
O que faz do presente um momento infeliz para criação de laços não é o fenômeno das máquinas, mas a conduta e a falta de controle pessoal para com elas. A juventude não pode mais ser definida (não somente) como um momento: É uma doença a qual os sintomas surgem quando se acha que está curado das dores da infância, e quando se acha que a pré-adolescência são apenas pelos pubianos e cama suja. A doença da juventude é a prepotência, a arrogância e a repulsa por conceitos relevantemente estabelecidos – diferente de síntese furada. O desenvolvimento da doença se dá quando o excesso se torna lei, e quando se vê como dispensável o cálculo do passo e da fala, nessa situação não se julgam conceitos estabelecidos, e sim opiniões, por hora, pueris.
Momento 2
Agora definindo a diferença, momento infeliz não quer dizer difícil, nem impossível, por exemplo: o Brasil tem grande diversidade de fauna e flora, assim como no globo todo, grande diversidade de pensamento, divergência. Assim como a fauna e a flora são vítimas de caçadores e estão sujeitas a corrupção oriunda de desejo de lucro ou só pela maldade, nos encontramos no mesmo barco que elas. De livro em livro, de texto em texto, de ideologia em ideologia.
Momento 3
Hoje a perpetuação do ideal de um amor terrivelmente pessimista, que pode ter sido condicionada por imaturidade (I) ou pelo excesso de maturidade (II), aqui se encontram duas definições: (I) o amor é um inferno pela quase absoluta ausência de reciprocidade, pela crença na eternidade, e pela ingenuidade. (II) o amor é um inferno também pela quase absoluta ausência de reciprocidade, mas majoritariamente pela descrença no ser humano como um todo, aqui já tendo consciência de que a única eternidade que existe é a dúvida da existência dela mesma.
O erro nisso tudo, é deixar o amor cair em decadência, transformá-lo em eventos avulsos, sabendo que independente do contexto global ele existe, mas dependendo desse quadro mundial ele é afetado, e como em um monte de coisa: só se afetam os que se deixam afetar. O amor é tudo o que Camões tentou definir, e mais um pouco. Ele traz à tona o instinto selvagem deixado na Stone Age, pode aparentemente ser pop, parecer moderno, nunca descolado – porque estar apaixonado é tão démodé... – o amor tem essência, é nobre, desestabiliza as estruturas e ao mesmo tempo serve como base. Há o amor com paixão, e o amor sem paixão, mas ele nunca está presente numa paixão efêmera. O amor é evidente, salta aos olhos, não é brincadeirinha. A igualdade é buscada por termos necessidades semelhantes, nosso sistema biológico não distingue que alguém precisa dormir em lençol de seda, e que o outro coberto com algodão, está bom. Quase tudo é supérfluo, o amor, não. Pode, mas não se deve ser se qualquer maneira. Está sendo apresentado o amor em tempos de tragédia.