Da teimosia de viver

Eram esperanças. E expectativas.

Do tipo que não deixam você dormir à noite.

Mas eram também mais do que isso. Eram sonhos.

Daqueles que não envelhecem, mas morrem com um pneu furado no acostamento.

Eram idéias e rumores.

Do tipo que rondam por todo seu corpo e vibram na sua garganta.

Eram pensamentos.

Eram mais do que isso. Eram palavras não ditas.

Havia uma fenda. Impossível de se fechar.

E inevitavelmente havia a pergunta.

Era a fenda tão grande que não havia o suficiente para preenchê - la?

Ou era pequena, tão pequena que nada ali cabia?

O vento que se sentia era leve, mas intoxicante.

Era vinho tinto, ou um chá de maçã. Era cicuta.

Quando os olhos se fecham, o coração se cala.

Quando os lábios ficam mudos, a mente ressoa.

Havia vontade e desejo, mas não havia força.

Era preciso sobreviver. Pra quê?

Pra quem?

Havia um sonho... há muito esquecido.