...Ah! Como eu acreditei no futuro!!!
Quanddo jovem, tive que trabalhar para custear meus estudos. Assim é que aos 21 anos de idade, passei a vender livros para uma editora em São Paulo. Fui atraído por um anúncio fantástico. Antes eu era seminarista, e queria ser um padre, e em face da separação de meus pais meus planos foram interrompidos, assim eu pedi para sair do mesmo, na esperança de ganhar muito dinherio para bancar minha família e meus novos planos.
Apesar de ter tido, durante os três primeiros dias, certa preparação, com noção de como consegui fazer a primeira venda. Eu subia nos prédios comerciais pelo elevador e descia pela escada, oferecendo as obras de escritório em escritório. Da turma admitida, aproximadamente 12, somente 3 permaneceram após a primeira semana. Eu era um destes. Não havia salário fixo, apenas comissão.
A editora vendia coleções com encadernação de luxo, de autores famosos. Destes, posso citar: Eça de Queiroz, Alexandre Dumas, Victor Hugo, Shakespeare, Cervantes e Camões. Tinha, também, um dicionário enciclopédico (4volumes) e uma obra de cirugia bucal (3 volumes). Foi com esta que tive meu batismo nas vendas e, com ela, me firmei nos primeiros tempos. Quando eu via escrito na porta "cirugião dentista" adentrava sem cerimônia. Catálogo na mão e argumento afiadíssimo.
Enquanto a maioria dos candidatos desistiram, pois, como é sabido, vender livro não é fácil, eu persistia. Acreditei que era possível melhorar minha vida vendendo aquelas coleções num sistema inédito: em 10 prestações mensais. Acreditei n a mercadoria e nos editores; homens sérios que haviam se instalados num prédio luxuoso, ocupando um andar inteiro.
No final do mês, com as comissões que recebi, comprei uma linda pasta para colocar os catálogos e roupas novas. Eu trabalhava de terno e gravata, sempre impecável. Adquiri, também, um manual de vendas: " As Cinco Regaras do Bom Vendedor". Senti que queria ser vendedor e me preparei. Queria e podia. Passei a ter orgulho do que fazia e a almejar o sucesso. No ramo, permaneci por mais de 5 anos, chegando a pagar meus estudos e a comprar minha casa, onde minha família mora até hoje.
Hoje, precebo que eu acreditei no futuro e foi isso que alavancou meu destino. Depois da formatura, tornei-me professor acadêmico e sempre muito bem aplaudido e homenagiado, fui chamado para compor o surgimento de uma Universidade, o qual fiquei sendo detentor de ações parimoniais. Acreditei no futuro e o empregado virou patrão!