O Desvirtuamento do Nojo
O nojo é um sentimento inerente ao ser humano e que tem como finalidade mantê-lo afastado de substâncias ou elementos que podem ser ameaçadores ou perigosos para a saúde.
É compreensível que as pessoas tenham nojo de xixi, pelo simples fato de ser expelido do corpo e por ele se converter, após a evaporação da água, num fedor que transita entre bacalhau estragado e amoníaco concentrado.
É compreensível que as pessoas tenham nojo de cocô, por ele ser uma matéria putrefata, com elevada concentração de bactérias, e que exala uma mistura de fedores com fortes nuances de pútrido e azedo, que apenas quem nasceu escatófilo pode apreciar.
Porém não é compreensível que as pessoas tenham nojo de pessoas de cor escura. Tampouco é compreensível que as pessoas tenham nojo de um beijo entre pessoas do mesmo sexo. Simplesmente não há justificativas para esses nojos e geralmente quem os sente não consegue alegar nenhuma razão convincente para eles.
Não é porque a sociedade ocidental foi formada basicamente por europeus brancos, que as pessoas de outras cores são inferiores ou desagradáveis. Não é porque se fixou lá pela alta Idade Média que o padrão de relacionamento sexual é o heterossexual, que os relacionamentos entre dois homens ou duas mulheres são condenáveis ou desprezíveis. Enfim, a canalização do nojo para essas situações indica consideráveis desordens emocionais dos indivíduos que enxergam o mundo desta forma.
Esses são apenas dois exemplos de situações para as quais a sociedade ocidental dirige injustificadamente o sentimento de nojo. Infelizmente, existem outros. Os apresentados são aqueles que considero mais contundentes. Atrevo-me a afirmar que o racismo e a homofobia são posturas extremamente nojentas, pois representam sério perigo para quem os tem e grande ameaça à paz social.