Nostalgia de outono
Posso ouvir os pingos da chuva que caem e derramam certas doses de nostalgia. Em cada gota consigo observar o reflexo dos dias anteriores, belas tardes de outono, daquelas que nos confundem ao tocar a pele. Já são quase 9 horas e o sol está brilhando bem forte desde o começo desta manhã. E ao mesmo tempo em que o sol abraça a pele num calor aconchegante, vem o vento geladinho confundir os sentidos. Assim é o outono.
O tempo é implacável para todos, pode ser solução para os que se encontram, pode ser correria para quem não para e pode ser vazio para os que estatizam. Mas defini-lo de um jeito só é uma antítese da sua própria definição. Ele não para e também não te espera. Os segundos correm freneticamente para alcançar os minutos, que por sua vez aceleram-se em busca das horas, dos dias, dos anos. Quando se vê, o amadurecimento já faz parte do dia a dia e da forma de lidar com as relações humanas. Algumas marcas de expressão revelam a experiência que se adquiriu ao longo do tempo.
Por mais que a nostalgia nos visite, ainda não inventaram uma forma de revivermos memórias, lembranças memoráveis, histórias vividas, risos incontroláveis, indignações e tudo que constitui cada momento. A não ser as artes que nos auxiliam nisso, como as fotografias e as palavras. Esta é uma particularidade do tempo: ser único de formas diferentes para cada ser que aqui habita. E isso é estranhamente maravilhoso. Os ponteiros do relógio continuam em movimento de jeitos variados para cada instante. E assim continuará, mesmo que eu conjugue os verbos de um pensamento no pretérito perfeito. Simplesmente não há controle algum sobre isso, nem haverá, nunca houve. A única coisa que nos resta é colocar o barco na maré e seguir os caminhos dessa vida de acordo com nossas escolhas.