Eu Pará

Não vi o sol nascer nesta manhã. Não era eu naquele barquinho simples que passava manso atravessando o encontro das águas azuis do Tapajós com as barrentas do Amazonas. Mas eu vi o sol que ele viu, tocando a minha pele. Senti a brisa batendo de leve, acariciando meu rosto e me dizendo um belo “bom dia!”

Não fui eu quem preparou aquele tacacá cheiroso. Também não assei aquele tambaqui suculento. Mas senti a alegria que ela sentiu quando percebeu todos que os saborearam lamberem os beiços.

Não fui eu que dancei aquele carimbó no luau daquela noite. Também não é meu o bordado daquela saia que gira no centro da roda. Mas senti arder no peito uma satisfação imensa por ver os olhares de admiração dos que batiam palma acompanhando a dança.

Não é meu o mérito de outras tantas sensações, belezas, cheiros e sabores. Mas sinto dentro de mim todas essas coisas. Porque sou todas elas. E cada uma delas sou EU.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 14/04/2015
Reeditado em 23/04/2015
Código do texto: T5206837
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