Sempre a via na janela...
Sempre a via na janela...
E havia nela algo de diferente, algo que lhe perturbava, sempre no mesmo horário..?
Passava na frente de sua casa, com a roupa suja de graxa das máquinas...
Rasgadas...
Sempre sério, sisudo, de mal com a vida.
E a menina..?
Sempre sorrindo...
Na segunda...
Na terça...
Na quarta que perdia...
Na quinta e na sexta que não via...
Por fim... Só para variar...
Atravessa a rua João e só por não saber o porquê resolve dizer um...
____Oi..?
E por ter se incomodado o dia inteiro com o patrão resolve que não tinha nada a perder e quebra a timidez e tantas outras coisas e completa:
____Linda gata...
____Como..?
____Ele para e a olha nos olhos...
____Oi, gata linda.
Ela sorri.
____Bom dia... Gato... Lindo...
E os dias foram seguindo, João já não cheirava a graxa.
Sempre bem alinhado, passava todos os dias e os sábados...
E os domingos..?
Para João já não existia. Trabalhava com alegria, o salário dobrou sem deixar de ser o mesmo...
Ficou forte...
Não faltava o serviço, como não perdia o horário, só para ver... Maria...
Cujo já na intimidade da janela...
E da rua...
Na rua...
Da janela...
Conversavam sobre tudo.
Ela na janela, ele na rua, até que um dia:
____Maria, eu te amo.
____Eu também João, afinal que sorte a minha tu ser tão lindo.
Ele nem acredita, pois a pouco arrumara os dentes, parara de beber, fumar, voltou a estudar.
E no mais puro amor...
____Maria casa-te comigo?
E alcança um lindo anel de... Noivado...
E ela...
____Bote na minha mão João...
E ele brincando...
Abra esses lindos olhos azuis Maria...
____João, eles estão abertos...