Conhecimento e compreensão
Entendo que o conhecimento possua relação direta e positiva com a verdade da coisa em si, e com a verdade do entendimento da coisa em si mesma e das interferências diretas ou indiretas, visíveis ou invisíveis, dos seus reflexos, das causas, e dos efeitos desta mesma coisa. Por ser uma relação, todo conhecimento é em si relativo. Ninguém sabe tudo. Um conhecimento absoluto seria assim já a própria verdade, mas como a verdade não pode ser repetida, o conhecimento absoluto talvez seja uma das utopias mais difíceis de serem realizadas.
Entendo, por outro lado, que a compreensão também dependa de alguma forma da verdade, mas em menor escala, pois que a compreensão é dependente do juízo, da interpretação, e do valor. Compreensão não implica em relação direta com aceitar ou compactuar. Posso compreender um racista, um preconceituoso, um canalha, ou um embusteiro interesseiro, nunca compreende-los como aceitando sua linha de argumentação, mas compreendendo o como e o porquê de suas posições desajustadas, desumanas e inconsequentes. Mesmo compreendendo, ou talvez mais ainda, exatamente por compreende-los, é que não abro mão de repudiar suas linhas de ação. Posso compreender muitas vezes as suas falaciosas interpretações, e que interesses, preconceitos ou desajustes sociais os leva a agirem daquela forma, mas me obrigo a atuar contra suas atitudes, buscando alguma transformação nos princípios que sustentam aquele tipo de comportamento, bem como agir diretamente sobre os efeitos danosos de suas ações, buscando de forma mais inteligente, mais eficaz, e se possível com o menor ódio possível, combate-los assim em melhores condições do que se não os compreendesse. A compreensão pode também designar um conjunto, sempre fechado, de escopo, mas eternamente aberto a novos elementos, que compõem determinado conceito, denotando uma capacidade cognitiva específica, mas é sempre diferente do conhecimento racional e de suas técnicas de dedução, justificação, experimentação e explicação. A compreensão de alguma forma deverá me permitir argumentar e explicar, mesmo que por refutações.
O conhecimento está assim para o saber, enquanto a compreensão seria um mix de entender, perceber e intuir. A compreensão quando tende à verdade, tende ao conhecimento. O conhecimento estará sempre além da simples e básica compreensão, mas o verdadeiro conhecimento abraça por completo a compreensão, pois que saber sem compreender é somente repetir sem domínio de causa. O conhecimento no sentido qualitativo da realidade que atua, em tudo que atua, sempre estará à frente da compreensão (no sentido de sua completude), pois que de tudo deixa marcas e evidências, mas a compreensão pode estar à frente do conhecimento, e muitas vezes estará, apenas no sentido quantitativo. Tendo a possuir mais compreensão sobre coisas, do que tenho realmente conhecimento. Tendo a compreender muito mais coisas (muitas vezes baseada inclusive em erros), do que realmente aquelas que detenho conhecimento verdadeiro e real.
O conhecimento e o saber independem do aceitar, posso ter conhecimento intelectual, cognitivo, lógico e racional, e não necessariamente “aceitar” este conhecimento, pois o mesmo não precisa ser intuitivo, belo, ou justo, ou melhor, acabo aceitando aquele conhecimento baseado nas evidências e na realidade envolvida, mesmo que intuitivamente isto não me soe bem. O conhecimento é frio, aético, e natural, mas sempre real. Acabo aceitando pois sou convencido lógica e racionalmente do conhecimento, não necessariamente por ser ele intuitivo. A compreensão também possui certa independência do aceitar, em especial daquele aceitar do como a coisa deveria ser, entretanto possui dependência do acabar aceitando o como a coisa se nos parece ser. Eu posso compreender que um pai possa não amar seu filho, pois o percebo na realidade do dia a dia, independente de conhecer as reais causas para tal. Preciso assim aceitar que assim o é, pois assim o é, para muitos pais. Compreendo esta situação, aceitando que infelizmente ela existe, mas jamais aceitando que assim deveria ser. Compreendo assim esta situação, que para mim beira o irracional e o desumano, independente de aceitar o que deveria ser, mas aceitando o que é, pois que entendo que todo e qualquer pai deveria amar seus filhos, e entendo mais ainda que não existe um porque obrigatório de que os filhos devam amar seus pais, se bem que mais uma vez creia que assim o deveria ser.
Posso assim compreender, pois é uma ação que atua na superficialidade dos fenômenos, e mesmo assim nada conhecer em verdade das causas, dos motivos, dos estados e das bases neurais e também dos estados, dos estilos, ou mesmo dos perfis emocionais que atuam em cada pai. O conhecimento, assim, se mostra muito mais profundo que a compreensão. Compreendo, ou creio compreender muitas coisas que na verdade não sei, e que assim desconheço. O pior é que muitas vezes, apenas baseado em compreensões que podem ser falsas, distorcidas pelos preconceitos, ou defendidas por fontes ignorantes, muitas vezes baseada apenas no desejo do como deveria ser, no desejo do que gostaria que fosse, e no relacionamento intuitivo, como se a verdade fosse intuitiva, justa, ética ou bela, acabo agindo e pautando minhas ações. O conhecimento se baseia em estruturas de verdade racional e crítica, e em evidências ou refutações. Mas baseado em compreensões erradas vou a guerra, fiz inquisição, persegui judeus, queimei descrentes, converti na força povos, e me torno desumano na infeliz certeza de que estou sendo intuitivamente humano, justo, ou ético, para com a humanidade. Chego assim a insanidade religiosa ou secular.
Uma separação superficial poderia ser: O conhecimento está para a verdade (absoluta mas pouco acessível e independente do humano), e para a ciência (que em última análise é também humana), e o compreender está diretamente relacionado ao humano, ao introspectivo, ao pessoal, ao subjetivo, e ao que sou enquanto múltiplos seres.
Os dois caminham lado a lado com a descoberta, mas o conhecimento é uma descoberta avalizada por modelos, experiências, evidências, por teorização séria, por proposições mensuráveis, por lógica, racionalidade, e análises críticas profundas, e a compreensão anda lado a lado com a descoberta psicológica, podendo, e muitas vezes envolvendo também alguma lógica e racionalidade, podendo ser um passo para o conhecimento verdadeiro e científico, ou mera caminhada pela falsa ciência e pelo misticismo, mas o normal é que seja um mix dos dois, entretanto o conhecimento é diretamente construído sobre análises críticas, racionalização e lógica, nunca se satisfazendo com a superficialidade dos fenômenos.
Alguns creem a divisão entre o conhecimento e a compreensão como algo ilusório, não me incluo entre estes, apesar de que ambos possuam muitas características comuns, e que não exista conceitualmente um perímetro claro que delimite a ambos, alguma linha física que os divida e separe um do outro, pois em qualquer nível posso desejar aprofundar o conhecimento, indo assim mais fundo nas engrenagens reais, escondidas, submersas na profundidade dos fenômenos, e assim de certa forma o nível anterior de conhecimento que tínhamos pode passar a ser definido como um estado intermediário de compreensão, uma vez que existiam mais engrenagens e relacionamentos a conhecer. Como para uma infinidade de coisas nunca conheceremos em totalidade, poderíamos definir, no extremo, que para esta mesma infinidade de coisas, estaremos eternamente em estado de compreensão. Mas este é apenas um jogo de palavras, que na prática se mostra bastante diferente entre mera compreensão e algum conhecimento.
Entendo que o conhecimento possua relação direta e positiva com a verdade da coisa em si, e com a verdade do entendimento da coisa em si mesma e das interferências diretas ou indiretas, visíveis ou invisíveis, dos seus reflexos, das causas, e dos efeitos desta mesma coisa. Por ser uma relação, todo conhecimento é em si relativo. Ninguém sabe tudo. Um conhecimento absoluto seria assim já a própria verdade, mas como a verdade não pode ser repetida, o conhecimento absoluto talvez seja uma das utopias mais difíceis de serem realizadas.
Entendo, por outro lado, que a compreensão também dependa de alguma forma da verdade, mas em menor escala, pois que a compreensão é dependente do juízo, da interpretação, e do valor. Compreensão não implica em relação direta com aceitar ou compactuar. Posso compreender um racista, um preconceituoso, um canalha, ou um embusteiro interesseiro, nunca compreende-los como aceitando sua linha de argumentação, mas compreendendo o como e o porquê de suas posições desajustadas, desumanas e inconsequentes. Mesmo compreendendo, ou talvez mais ainda, exatamente por compreende-los, é que não abro mão de repudiar suas linhas de ação. Posso compreender muitas vezes as suas falaciosas interpretações, e que interesses, preconceitos ou desajustes sociais os leva a agirem daquela forma, mas me obrigo a atuar contra suas atitudes, buscando alguma transformação nos princípios que sustentam aquele tipo de comportamento, bem como agir diretamente sobre os efeitos danosos de suas ações, buscando de forma mais inteligente, mais eficaz, e se possível com o menor ódio possível, combate-los assim em melhores condições do que se não os compreendesse. A compreensão pode também designar um conjunto, sempre fechado, de escopo, mas eternamente aberto a novos elementos, que compõem determinado conceito, denotando uma capacidade cognitiva específica, mas é sempre diferente do conhecimento racional e de suas técnicas de dedução, justificação, experimentação e explicação. A compreensão de alguma forma deverá me permitir argumentar e explicar, mesmo que por refutações.
O conhecimento está assim para o saber, enquanto a compreensão seria um mix de entender, perceber e intuir. A compreensão quando tende à verdade, tende ao conhecimento. O conhecimento estará sempre além da simples e básica compreensão, mas o verdadeiro conhecimento abraça por completo a compreensão, pois que saber sem compreender é somente repetir sem domínio de causa. O conhecimento no sentido qualitativo da realidade que atua, em tudo que atua, sempre estará à frente da compreensão (no sentido de sua completude), pois que de tudo deixa marcas e evidências, mas a compreensão pode estar à frente do conhecimento, e muitas vezes estará, apenas no sentido quantitativo. Tendo a possuir mais compreensão sobre coisas, do que tenho realmente conhecimento. Tendo a compreender muito mais coisas (muitas vezes baseada inclusive em erros), do que realmente aquelas que detenho conhecimento verdadeiro e real.
O conhecimento e o saber independem do aceitar, posso ter conhecimento intelectual, cognitivo, lógico e racional, e não necessariamente “aceitar” este conhecimento, pois o mesmo não precisa ser intuitivo, belo, ou justo, ou melhor, acabo aceitando aquele conhecimento baseado nas evidências e na realidade envolvida, mesmo que intuitivamente isto não me soe bem. O conhecimento é frio, aético, e natural, mas sempre real. Acabo aceitando pois sou convencido lógica e racionalmente do conhecimento, não necessariamente por ser ele intuitivo. A compreensão também possui certa independência do aceitar, em especial daquele aceitar do como a coisa deveria ser, entretanto possui dependência do acabar aceitando o como a coisa se nos parece ser. Eu posso compreender que um pai possa não amar seu filho, pois o percebo na realidade do dia a dia, independente de conhecer as reais causas para tal. Preciso assim aceitar que assim o é, pois assim o é, para muitos pais. Compreendo esta situação, aceitando que infelizmente ela existe, mas jamais aceitando que assim deveria ser. Compreendo assim esta situação, que para mim beira o irracional e o desumano, independente de aceitar o que deveria ser, mas aceitando o que é, pois que entendo que todo e qualquer pai deveria amar seus filhos, e entendo mais ainda que não existe um porque obrigatório de que os filhos devam amar seus pais, se bem que mais uma vez creia que assim o deveria ser.
Posso assim compreender, pois é uma ação que atua na superficialidade dos fenômenos, e mesmo assim nada conhecer em verdade das causas, dos motivos, dos estados e das bases neurais e também dos estados, dos estilos, ou mesmo dos perfis emocionais que atuam em cada pai. O conhecimento, assim, se mostra muito mais profundo que a compreensão. Compreendo, ou creio compreender muitas coisas que na verdade não sei, e que assim desconheço. O pior é que muitas vezes, apenas baseado em compreensões que podem ser falsas, distorcidas pelos preconceitos, ou defendidas por fontes ignorantes, muitas vezes baseada apenas no desejo do como deveria ser, no desejo do que gostaria que fosse, e no relacionamento intuitivo, como se a verdade fosse intuitiva, justa, ética ou bela, acabo agindo e pautando minhas ações. O conhecimento se baseia em estruturas de verdade racional e crítica, e em evidências ou refutações. Mas baseado em compreensões erradas vou a guerra, fiz inquisição, persegui judeus, queimei descrentes, converti na força povos, e me torno desumano na infeliz certeza de que estou sendo intuitivamente humano, justo, ou ético, para com a humanidade. Chego assim a insanidade religiosa ou secular.
Uma separação superficial poderia ser: O conhecimento está para a verdade (absoluta mas pouco acessível e independente do humano), e para a ciência (que em última análise é também humana), e o compreender está diretamente relacionado ao humano, ao introspectivo, ao pessoal, ao subjetivo, e ao que sou enquanto múltiplos seres.
Os dois caminham lado a lado com a descoberta, mas o conhecimento é uma descoberta avalizada por modelos, experiências, evidências, por teorização séria, por proposições mensuráveis, por lógica, racionalidade, e análises críticas profundas, e a compreensão anda lado a lado com a descoberta psicológica, podendo, e muitas vezes envolvendo também alguma lógica e racionalidade, podendo ser um passo para o conhecimento verdadeiro e científico, ou mera caminhada pela falsa ciência e pelo misticismo, mas o normal é que seja um mix dos dois, entretanto o conhecimento é diretamente construído sobre análises críticas, racionalização e lógica, nunca se satisfazendo com a superficialidade dos fenômenos.
Alguns creem a divisão entre o conhecimento e a compreensão como algo ilusório, não me incluo entre estes, apesar de que ambos possuam muitas características comuns, e que não exista conceitualmente um perímetro claro que delimite a ambos, alguma linha física que os divida e separe um do outro, pois em qualquer nível posso desejar aprofundar o conhecimento, indo assim mais fundo nas engrenagens reais, escondidas, submersas na profundidade dos fenômenos, e assim de certa forma o nível anterior de conhecimento que tínhamos pode passar a ser definido como um estado intermediário de compreensão, uma vez que existiam mais engrenagens e relacionamentos a conhecer. Como para uma infinidade de coisas nunca conheceremos em totalidade, poderíamos definir, no extremo, que para esta mesma infinidade de coisas, estaremos eternamente em estado de compreensão. Mas este é apenas um jogo de palavras, que na prática se mostra bastante diferente entre mera compreensão e algum conhecimento.