Notas do Cotidiano (2)
Nota 4: O que carrego em mim? Uma maré de dúvidas misturadas com sentimentos. Me solto na cadeira e sinto um tédio em mim, tédio da vida. Ser sempre o mesmo e não conseguir ser diferente. Acordar, trabalhar, estudar e dormir, viver esse ciclo todos os dias, todos os anos, toda uma vida. O que temos como força inspiradora além de fugitivos momentos de alegrias e eternos momentos de solidão? Ser único ou ser igual, o mais imperfeito dos seres ou o mais comum dos humanos?
Nota 5: Estou cansado desse complexo de perfeição, ser bom exemplo para todos, ter as melhores opiniões, mas no fundo não ser nada. Do que me adianta saber todas as notícias, levar no peito toda uma revolução e reduzir essa revolta em pequenos comentários do cotidiano, em discussões tolas na internet. A quem mudamos ou a quem queremos mudar? Todos somos capazes de gerar nossa opiniões, mas poucos podem mudar o mundo.
Nota 6: Busco sempre a serenidade de espírito, mas o destino empurra-me à tormenta. E entre essa dualidade minha vida se alterna, mas não vejo isso com maus olhos. Creio que ser apenas uma coisa ou ser outra provoca, em qualquer pessoa, o mais profundo tédio, nunca ficarei satisfeito com coisas imutáveis. Se posso escolher uma vida, que seja hoje de tristezas e amanhã de alegrias, mas que seja algo sempre inovador e surpreendente, que encontre em minha viagem diversos contratempos, e que eu não cumpra meu destino como um trabalhador, que ao final do dia apenas deseja descansar.