Anos 90
Só tenho lembranças boas dos anos noventa!
Mas a lembrança mais marcante são os bares,
De balcão sempre marrom com potes redondos de vidro em cima, onde expunha as balas,
Suspiro e marias-moles na prateleira em baixo.
Agora alguém pode me perguntar: Mas então os bares dos anos noventa eram iguais os de hoje!
Não. Não eram.
A começar pelas máquinas caça-níqueis que hoje são proibidas,
Naquele tempo elas estavam em todo lugar.
Lembro que sempre me sentava em frente uma dessas máquinas no Galo de Ouro em Garça,
Para tomar aquela tubaína que vinha em garrafa de vidro branca, e às vezes marrom com escrita em alto relevo,
Que antes de eu aprender a ler eu achava que estava escrito "TUBAÍNA",
Depois que aprendi a ler vi que estava escrito "CERVEJA",
Eu nunca entendi o porquê.
Teve uma vez que aconteceu algo inusitado:
Eu fiquei mais de uma hora observando um rapaz jogar em uma dessas máquinas caça-níqueis,
E percebi que a máquina não era aleatória: O sorteio seguia um padrão,
Pedi vinte e cinco centavos para o meu pai e limpei a máquina,
Aí o dono do bar veio até mim,
Eu expliquei à ele que a máquina seguia um padrão e eu conseguia prever o resultado,
Aí ele me expulsou de lá.
No outro dia, as máquinas não estavam lá mais,
No lugar, tinha uma daquelas máquinas de pescar pelúcia.
De qualquer jeito, é tudo diferente,
As marias-moles de hoje não tem o brilho que as dos anos noventa tinham.
Até os pombos da rua são diferentes.
Sinto que aquela época é o mundo real.
Não gosto de falar sobre o passado, mas escrever isso me fez sentir bem.