Cancro Humano (Corriqueira Hipocrisia)
Quanto rancor existe em um perdão? Quando a raiva infla nosso peito, mas anestesia nossas palavras, quando, por mais que a situação nos corroa internamente, dizemos “tudo bem”, mas na primeira oportunidade, vomitamos todo o tumor emocional aprisionado na garganta?
E que dizer das desculpas? Simulações de culpa dos que não se sentem culpados. Encenação típica dos artistas não tão amadores, que a todo o momento arrependem-se verdadeiramente...
O ser humano tem a incrível capacidade de respirar hipocrisia. Uma enjoativa predisposição a mentiras, na tentativa de evitar a verdade para si e para o outro, já que, por mais que seja doloroso para ambos, é muito mais fácil fingir que tudo se solucionou e assim ficar em dias com a sociedade.
Enfim, todos reclamam da falsidade, mas esquecem dos momentos em que imitamos arrependimentos genuínos, representando dramas infindáveis, com rios de lágrimas e olhares sarcásticos. Dos momentos em que disfarçamos a cólera com sorrisos amargos, preenchendo nossa alma com mais um grão de ódio.
Então, antes de tudo, olhe para dentro de si mesmo. Examine com precisão, percorra cada viela, cada cômodo, cada canto do seu ser; depois de feito, responda com a gota de sinceridade que ainda lhe resta: Quem está sendo iludido?