Pensamentos nº 38 - Da série “Quem é o escritor?”

1) O leitor escolhe o que vai ler, pela razão, mas o escritor oferece o texto pela emoção.

2) O escritor é quem sente na alma a alegria da dor, vive e morre para explicar o que é o amor;

3) Escreve sobre o amor, transformando em palavras os gritos surdos do coração, no som ensurdecedor da paixão.

4) A persistência é a arma do poeta, e as letras são degraus de uma escada, subindo pelas trilhas da emoção, pois quanto mais se escreve, mais se chega longe.

5) A linguagem do poeta não é linear, mas uma obtusa cadeia da escrita diante de uma realidade complexa, na ficção simbólica das palavras utópicas, sendo mais respeitado, se conservar os pés no chão;

6) Mesmo antes, na cotovia da vida, quando são lunáticos com as suas agitadas, os escritores terminavam dando forma ao desconhecido. Não mudou nada;

7) O escritor vive como um palhaço equilibrista, andando por uma linha tênue, sem saber antecipadamente o que vai escrever nos próximos parágrafos do seu livro, pelos circos da vida;

8) Como escritor, encontrei a educação no primeiro mundo. É outro mundo! Por isso aqui os perdidos não vivem em mundo nenhum;

9) Noites em dias ... dias em noites, o escritor determina entre o tempo e o vento, inquieto rasgando papéis nos seus açoites;

10) Ser louco é o desejo de profissão do escritor, só respeitado quando as suas palavras falam o que tocam nos leitores, por si só, sem precisar de explicações;

11) Conto melhor um conto, quando conto um conto que ninguém me conta, pois as pernas curtas da verdade não está pronta, se aponta;

12) Se explicarem ao escritor a origem do fogão, poderá não entender nada, pois ele não quer saber como foi concebido, e sim participar da sua construção;

13) Os escritores só estão representados no palco da vida, se as personagens não souberem da trama e dos cenários escondidos nas palavras;

14) Se o escritor for original, será capaz de fazer cópia do açoite do vento, transformar o sol em paisagem e fazer com que outros corações enxerguem as imperfeições dos caminhos de imitá-lo; e

15) O escritor só atinge a importância nas letras da sua arte quando consegue fazer os leitores pensarem.