Jornada

Começamos inertes. Depois, passamos a engatinhar aos poucos. Sem forças, as pernas ainda não podem se manter firmes sobre o chão. Logo após, damos os nossos primeiros passos, assim que nossas pernas se tornam fortes o bastante, mas, sem querer, tropeçamos por nos faltar o equilíbrio necessário. — Faz parte. — Dizem. As pernas, aos poucos, tomam força e calham a se manter de pé. A partir daí, começamos devagar até que nos equilibramos, com certo receio, mas, andando, caminhando e, às vezes, até correndo. O que não nos livra de novamente tropeçar e cair. Mas não porque nos falte equilíbrio ou força nas pernas, mas por pura precipitação. Esta também faz parte. É necessária. Ainda que doa, a queda não nos fere tanto, de tal modo que não possamos nos reerguer e continuar, novamente, de onde paramos. Assim como antes nos faltou forças para se manter de pé ou equilíbrio para nos dar estabilidade. É necessário que nos falte a prudência para que, somente depois, possamos aprender o seu valor. Pois quando aprendemos, tornamos a caminhar devagar, fortes, equilibrados e também prudentes. Porque não há caminho que seja tão longo ou tão íngreme que nos impeça de chegar ao fim. Que exija que tenhamos tanta pressa ou que não tenhamos pressa alguma, a ponto de ficarmos parados. O ritmo não importa quando se permanece caminhando. O que verdadeiramente importa é jornada em si, e tudo que aprendemos entre o ponto de partida e o inevitável ponto de chegada.