GRÃO
Parece solidão, mas não é... Parece abandono, mas não é... Parece o que parece, mas não é... Quem é o grão dessa foto? Chama-se grão, o que é de areia, e quem disse que se ventar...
Eu construí o meu mundo, meu quarto. Aqui tenho minha cama, meus livros, meu computador e até tenho um abajur, dentro desse quadrado, tenho proteção, calma e silêncio! Quero ser eu no meu canto, sem maiores encantos e desencantos surpresas, se não há um outro falante, não escutarei coisas boas, mas não me assustarei com o desagradável que fala. Gosto de mim, e gosto do que se faz singular em mim, Eu sou uma singularidade ambulante. Não suporto o grotesco. As letras hão de me fazer companhia, pois a música não entra bem aqui, eu gosto do esvaziamento, do quieto amigo, de nome, tempo. Prefiro liberar espaço a ter de acumular quinquilharias. Eu nasci para escrever, enquanto que por sua importância, tantos, vieram aqui para ler. Sou feito de letras, é a minha natureza estranha, elas são a minha forma, a minha cadência. Deixa-me juntar essas pequeninas, falo das letras, fazer delas rima e deitar sobre ela. A rima é o meu cobertor. o meu colchão d'água,, ora fria, ora , ai! Minha saliva, Parece solidão, mas não é... Repare nas letras, elas podem ser de água, elas podem ser de areia. Quem é o grão? Chama-se grão, o que é de areia, mas quem disse que se ventar...
Parece, mas não.