Deus Existe?
Penso que não há, entre todos os seres humanos, aquele que, uma vez ao menos em sua vida, não tenha levantado a si próprio essa questão. Da mesma forma que há os devotos, convictos da existência de Deus, há igualmente, os convictos da não existência de Deus; este anseio tende a nos acompanhar vida afora. Penso mesmo que viver não seja outra coisa além de buscar esta verdade, como, morrer é concretizar essa busca. Fala-se em fé, mas o que será ela? Poderia encher de pontos de interrogação estas linhas, pois, como ser humano, também sou atacado por dúvidas, pois são estas a chance para o crescimento quando desencadeiam a busca; assim deveria ser com todos.
Explicar Deus, convencer sobre a Sua existência é simples perda de tempo. "Na casa do Pai há inúmeras moradas". Esta frase bíblica pode querer indicar a verdadeira compreensão a respeito de Deus. Quanto mais alto elevarmos o pensamento neste processo de busca de Deus, mais clara irá ficando a nossa compreensão quanto a sua influência em nossas vidas; novamente uma questão de fé. Fé, Deus e religião se interpenetram, mas podem, indubitavelmente, se tornar independentes. Prova disso são os grandes homens, vitoriosos em suas áreas, que as utilizaram independentemente. Nota-se, porém, aí, que a religião está no topo, pois é a única que não sobrevive por ela mesma. Desconheço uma religião que não fale de Deus e de fé.
Contudo, é necessário ter uma religião para se conhecer Deus? Ou, ainda, é necessário morrer para encontrá-lo? Creio que não. Penso que uma vida plena, baseada na correção e que deixa frutos, é um exemplo de crença em Deus. A religião nos ensina este caminho, mas podem existir outros meios. Impor verdades, dogmas e opiniões próprias não condiz com os ensinamentos de uma religião verdadeira. A religião que quer atrair não impõe as suas verdades, mas procura mostrá-las através do exemplo de seus dirigentes, do crescimento de seus adeptos e dos resultados concretos das suas ações em prol da sociedade.
A fé é um instrumento poderosíssimo na busca de Deus; ela nos traz a certeza do milagre que é nada mais do que a constatação de algo que, na nossa maneira limitada de ver as coisas, julgávamos impossível. Não deixa de ser, pois, o milagre, um resultado direto do ponto de vista do apreciador. Analisado fria e desapegadamente, ele não existe, pois, para Deus, nada é impossível. Sendo Deus a perfeição e, crendo ou não n'Ele, suas obras já estão concluídas e as coisas boas para nós já estão programadas por Ele. Portanto, é uma questão de Sintonia com o poder maior. Tal sintonia se efetua através da mente, dos pensamentos positivos, selecionados, do querer melhorar. Esta vontade. Esta vontade interior não é acionada pela fé, mas a ação que a desenvolve. Não se crê em Deus da boca para fora.
A constatação de Sua existência vem pela nossa transformação interior, através da qual passamos a ter a convicção de que, de fato, nos mínimos detalhes, Ele age em nossas vidas. Fé se cultiva; pela prática: da oração, das boas leituras, da meditação em Deus ou no seu legado. Não importa; se tudo é criação de Deus, crer n'Ele é crer na própria vida, é acreditar que há uma razão de estarmos vivos neste momento e que precisamos fazer aquele algo que faz diferenciar o medíocre do realizador o qual, no lugar de se perder em dúvidas, ergue as mangas e contribui para a sociedade em que vive.
À força maior, que nos deu a vida, que age em nossos pensamentos e nos orienta, chamamos Deus. O fanatismo exacerba este poder, o que gera o medo e uma série de outros pensamentos conturbadores. Não importa a denominação que damos a Deus. A palavra Deus é um termo como o é Força Infinita, Poder Maior, Criador, Pai, Grande Natureza, isto é o que menos importa; tinha-se que criar um termo para designá-lo, pois tudo possui um nome e Deus não foge à regra. Os que se dizem materialistas alegam que Deus é criação do homem, quando é exatamente o contrário, ou seja: tudo é criação de Deus, inclusive os materialistas. Se analisarmos abstraidamente, não existem materialistas, mas discordantes. Eles não concordam e não aceitam o comércio em nome de Deus, a exploração em nome de Deus e a promessa de um reino dos céus após a morte do corpo físico e possuem toda razão.
Se dizem ou pensam que nada mais existe após a morte do corpo físico é porque estão calcados em suas próprias experiências de vida; optaram por este caminho da não investigação. Mas, se praticam o bem já estão crendo em Deus, ou num Deus, não importa. Para eles isto é o mais importante, pois, cumprindo uma missão que os deixa felizes e à sociedade onde vivem, já deixaram de ser materialistas. Em resumo: crer em Deus é fazer o bem e viver uma vida que vale a pena ser vivida e não deixa arrependimentos, medo, dúvidas e outros sentimentos aniquiladores na hora da morte. Penso que quaisquer argumentos que se oponham a estes tendem a cair no terreno do sectário ou do fanatismo, causa real de muitos, se não de todos os problemas do mundo, embora não me considere, em hipótese alguma, dono da verdade.
"Buscai a Verdade e a Verdade vos libertará", já dizia o Mestre Jesus Cristo. Mas, o que vem a ser a Verdade? Penso que está nas coisas simples da vida: no sorriso puro e meigo de uma criança está a Verdade. No cair de uma folha e no abrir de uma pétala também está a Verdade. É fácil viver a vida. Muito bom é acordar, respirar o ar da manhã e saborear um delicioso café junto às pessoas queridas. A paz de espírito começa a ser perturbada quando olhamos a nossa volta e, levados pela ilusão, passamos achar que o outro se encontra em melhor situação que a nossa e está plantada a origem de todo mal.
Se queremos ser prósperos, que trabalhemos bastante, comparando-nos a nós mesmos. Se estivermos crescendo e convictos, não importa o vizinho, que, do alto de sua glória ou de sua insatisfação, está nos observando, também.
Viver as pequenas coisas da vida e encontrar a felicidade; esta forma de viver não é tão difícil se pararmos para pensar que a vida é feita de momentos. De quando abrimos os olhos ao acordar até voltarmos para a cama são momentos que vivemos. Observemos as crianças, temos muito que aprender com elas. é claro que crescemos e os problemas começam a nos solicitar a atenção para serem solucionados e não para nos tirar o sono; á assim na escola, deveria ser assim na vida.
Nunca soube que um problema de matemática tivesse tirado o sono de alguém. Isto é evidente porque só pode ser resolvido enquanto está a nossa frente. O problema - e aí arranjamos mais um problema - é que o mantemos em nossa mente, tirando o nosso sossego, o nosso sono, a nossa felicidade. No final, atribuímos a Deus o insucesso porque não entregamos a Ele a solução, achando que nossa força seria suficiente e a preocupação é o que resta, outro veneno a nos corroer.
Agnóstico é o que não acredita em Deus. É aquele que diz, por exemplo, que Deus não criaria este mundo repleto de tragédias e sofrimento. Mas, aí é que está o x da questão: DEUS NÃO CRIOU ESTE MUNDO REPLETO DE SOFRIMENTO. E não é difícil se chegar a essa conclusão. Estamos embotados pela idéia do pecado capital cometido por Adão e Eva nos primórdios da humanidade e trazemos, até os dias de hoje, este carma negativo em nosso subconsciente. Quando entendermos que o mundo criado por Deus é paradisíaco, perfeito, onde abunda a fartura, a saúde e toda forma de felicidade, teremos entrado em sintonia com o mundo original, isento de toda imperfeição.
Da mesma forma que o mundo original, contido no primeiro capitulo do Gênesis é o pensamento de Deus, também o nosso mundo é resultado do nosso pensamento. Logo, sintonizando-nos com o bem, este será o nosso mundo, sintonizando com o mal, este passará a se manifestar a nossa volta, pois tudo é produto de nossa mente; conclui-se daí que os maiores inimigos encontram-se dentro da nossa própria mente, quando atormentada pela ilusão.
Aquele que se diz ateu atribui a fé ou a religiosidade a um produto do cérebro, do intelecto humano, capaz de organizar, selecionar e engendrar soluções para tudo a vida. Sem dúvida que sim. A única diferença diz respeito exatamente àquilo que mais necessitamos: visão de vida, orientação para as situações diárias, verdadeira entrega e confiança nos resultados, principalmente confiança nos resultados. Vão alegar que tudo isto é uma questão mental, que pode ser obtido sem que haja, necessariamente uma crença em Deus.
De fato é verdade, mas a grande diferença vem exatamente daí: neste confiar excessivo, no poder material sem um auxílio invisível, vindo das profundezas do nosso ser, onde Deus se encontra. Isto não é para os fracos, como muitos costumam admitir, mas para os que desejam um resultado concreto, que não deixa sombra de dúvida.
Quando assistimos a inúmeros casos de desvio moral, conduta imprópria no que diz respeito à cidadania, ficamos perplexos diante do poder limitado daqueles que tem como função exterminar ou mesmo amenizar o caos que vemos imposto. È muito difícil combater a criminalidade; diria que ela sempre vai existir pelo simples fato de haver evoluídos e involuídos. Mas, esta não é a questão central, mas sim como acabar com ela ou mesmo amenizá-la. Parece ironia, mas os países que, com menos frequência, recorrem à repressão violenta nos casos de crime são os que obtém maior sucesso no controle deles, como são os que apresentam as menores taxas de desobediência à lei.
Quem pode garantir não haver, inserida desta forma diferenciada de lidar com os menos evoluídos, uma interação telepática, coletivamente falando, no sentido da colaboração mútua? Os crimes horrendos, como assassinatos, estupros e outros precisam ser punidos exemplarmente, mas, falo, sobretudo, de uma forma de prevenção. É estranho como discutem, debatem idéias e soluções sem mencionarem Deus e sua interferência infalível; temem, por certo, a crítica de estarem anuindo-se a religiões ou desvirtuando a moral. Mas, falar em Deus não é, necessariamente, falar em religião. É preciso desvincular uma coisa da outra.
A imprensa teme o confronto, o que não há razão de ser, pois que não existe confronto onde há Deus verdadeiro. Penso que está aí a solução dos crimes: fazer ver ao delinquente que Deus existe; que suas ações passam despercebidas aos olhos humanos, mas não aos olhos de Deus. Mudando-se o enfoque, mudar-se-ia toda uma sociedade, pois não passaria ela de uma reunião de homens , o que de fato é, mas, de homens, agora, convictos da ação de Deus.
Da mesma forma, proteger-se contra a ação do mal, imbuído de todo o aparato material, mas esquecendo-se da proteção de Deus é auto fragilizar-se, pois não há garantia de uma proteção verdadeira. Nem todos o carros blindados do mundo, todas as armas ou todas as grades, por mais fortes e poderosos que sejam, nunca serão garantia de uma proteção verdadeira. Tudo parte da mente. Se pensamos no mal, esperamos pelo mal e o tememos ele estará sempre a nossa volta. É preciso retornar à terra da tranquilidade. Se o inimigo está dentro de mim, é ele que preciso combater em primeiro lugar. Ter o foco em Deus, na sua proteção durante as vinte e quatro horas do meu dia vai me livrar de todo o mal, de todo acidente e de toda e qualquer perseguição.
Se queremos um mundo paradisíaco, que o plantemos primeiramente em nosso interior e, como reflexo desta forma de ver a vida, tê-lo-ei também ao redor de mim. Parece simples e realmente é se nos acostumarmos a isto. Está provado pela ciência que os maiores fatores de higiene mental são a religião e a oração. Quem faz, de um ou de outro, parte da vida e os pratica sempre, com amor e sinceridade, terá um destino de luz e de bênçãos.