Da podridão do próprio corpo, do ser e seus benefícios

Para o céu, filho, não irás. Não queiras ir. Cumpra a jornada com teu corpo, com teus vermes e moscas. Abriga-te em tuas confusões, insultos e nudez. Fiques cru, nu diante de si. Não sabes que este olho que vê o outro, teu semelhante, evita teu próprio corpo? Teu próprio olhar? Como vês, em ti há um traidor, há um companheiro traidor que tenta a ti enganar, ocultando tuas próprias mazelas. Agora, já é tempo de guerra. Chega de paz! Passaste longos anos em calmaria com a própria alma, com o próprio ser e , isto, uma paz resignada e morta não eleva nem bactéria nem vírus. Eleva-se, filho amado. Eleva-te!!! Cai para teu próprio sangue e feridas. Somente morto, dilacerado, é que viverás.

Eliane Vale
Enviado por Eliane Vale em 26/03/2015
Reeditado em 26/03/2015
Código do texto: T5184538
Classificação de conteúdo: seguro