No colo de Deus
Deitei no colo de Deus e chorei baixinho, aos soluços contei a razão de tantas lágrimas.
Dei flores e recebi espinhos, Papai. Dei amor e recebi dor – sussurrei.
Dei atenção e recebi a falta de tempo.
Confiei demais e desconfiaram de mim. Doeu tanto.
Eu tinha tanto pra falar e não encontrei um ouvido disponível.
Senti as mãos de Deus passeando com delicadeza entre os meus fios de cabelo. Encolhi minhas pernas e as abracei, me vi como uma criança indefesa, cheia de medo e assustada com o mundo em que vivia.
Me atiraram pedras, Papai. Eu quis sarar e acabei me ferindo – aos prantos, eu disse. No silêncio que em seguida se formou ouvi Deus cantar baixinho: a pequena flor floriu, e um jardim no meu coração se formou. Os seus espinhos eu retirei, e com amor eu a colhi. A canção se findou, enxuguei minhas lágrimas e não pude conter o sorriso. Desabrochei nos braços de Deus.