No cruzamento da rua Felipe Gama com a Osvaldo Sousa ...
No cruzamento da rua Felipe Gama com a Osvaldo Souza tinha um bar com música ao vivo que sempre estava cheia, tocavam de tudo, muitas meninas e rapazes com os hormônios pegando fogo , as veteranas colecionadoras de bibelôs e os tiozinhos em suas roupas de adolescentes tentando ficar na moda ficavam em volta sacudindo as suas chaves do seus potentes fuscas e lambretas e no meio daquela mistura toda tinha a mesinha de canto , a mesinha reservada onde ninguém ousava sentar , nem os velhos que não queriam envelhecer e nem os novos que não queriam ser crianças. Naquele lugar só sentava quem sabia quem era e volta e meia sempre aparecia um destes garotos ciumentos, dos casados ciumentos e diziam :
___Tá olhando o que tiozinho ...? Ela não é para o teu bico.
E o veterano sempre olhava dentro dos olhos da mulher que estava com o sujeito, olhava para a alma , não olhava para a bunda , para os peitos, não tinha um olhar de tarado , pelo contrário olhava só para o lugar onde toda a mulher de verdade, que se respeita quer ser olhada não importa a idade , ele olhava para a sua alma , para o seu coração, para os seus sentimentos. Ele , o tiozinho , o velhinho para algumas meninas ganhava um leve sorriso sem que elas precisassem sequer mexer os lábios , tudo acontecia no cruzamento da rua Felipe Gama com a Osvaldo Souza.