Sonhos estranhos

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Não é fácil escrever. Na verdade é até cansativo. Porém é uma ótima maneira de descarregar o peso quase esmagador de pensamentos úteis ou não. Falarei então sobre certo sonho intrigante que tem me acometido durante os breves momentos de sono que tive durante várias noites, ou seriam dias?

Não tinha outras ideias sobre o que escrever. Resolvi então falar sobre assuntos simples e corriqueiros para passar o tempo.

Apesar de terem escrito muitos tratados ou livros de trocentas páginas sobre as interpretações dos sonhos, não é minha intenção interpretar os meus.

Certa noite de fevereiro tive vários sonhos estranhos. Porém todos eles eram o mesmo sonho.

Sentia-me sufocado. Tentava falar e minha voz não saía. Suava frio. Estava paralisado de medo. A respiração tornava-se cada vez mais difícil. Aquele breve momento parecia uma eternidade. O que seria aquilo? Para mim a ilusão confundia-se com a realidade. De modo que ao acordar de tamanho pesadelo percebia tudo calmo... Meu coração palpitava lentamente e aquele silencio, aquela quietude, aquela sensação de paz contrastavam nitidamente com a falsa realidade que havia enganado minha mente há poucos segundos. O quarto pálido e tranquilo manifestava minha aparente paz exterior cotidiana. Porém o que acontecia nos interiores de cada parede do quarto, paredes sólidas, duras, átomos mantendo-se inertes e esforçando-se para ficarem rígidos era comparável ao que se passava dentro de mim: a falsa dureza de coração e o esforço para permanecer sempre forte, mal sabendo que era apenas mais uma ilusão.

Ora, meus sonhos estranhos e confusos me fazem divagar comigo próprio por horas e até semanas. Não deixo escapar nada. E tais sonhos sempre trazem alguma lição, pelo menos assim o penso. Mas já dizia João Grilo: todo penso é torto. Mas se você souber medir tudo certinho, preparado, o penso torna-se reto. Até hoje fico pensando sobre o que aquele sonho significa. Suspeito a resposta. Talvez ele queira dizer que meu ego sufoca minha essência mais profunda... ou que eu estou paralisado de medo de viver. Talvez queira dizer que estou numa escuridão sufocante e que quanto mais tento gritar, quanto mais tento me mover rumo a mudança, mais inerte fico. Mas sinceramente não sei o que é. Se você já se sentiu assim, ignorante acerca da vida e de tudo o que antes você acreditava ser o certo ou o inquestionável, absoluto e agora sente cada vez mais sua própria inocência perante o mundo e a sua ignorância acerca da realidade, bem-vindo ao meu mundo.

ícaro Clarêncio
Enviado por ícaro Clarêncio em 12/03/2015
Código do texto: T5167923
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