O Espelho
É de manhã!
As frestas de sol invadem o quarto, pelas imperfeições da velha janela de metal. Espantam o escurinho bom de cochilar.
Os canarinhos e bem-te-vis fazem a cantoria em frente ao portão, equilibrando-se nos finos galhos da pequena árvore que começa a crescer.
O dia lhe sorriu com sol e música!
Então é hora de levantar! Encarar o espelho e perceber os inchados olhos vermelhos!
Dormira pouco recordando o passado com as antigas fotografias!
Perdera-se em lágrimas nesta madrugada!
Olha bem para o reflexo no espelho e pergunta:
“O tempo me roubou a beleza inocente ou você,
Espelho cruel, é quem mente?”
É espantosa a sensação de que a alma está presa nas fotos.
A imagem que vê refletida é um espectro de si mesma!
Mas ontem não era dessa forma que enxergava!
Volta para cama, cobre a cabeça com o travesseiro! Não quer raio de sol, nem canto de pássaro, nem olhos vermelhos.
Deseja mergulhar em sono profundo na esperança de encontrar a ignorância perdida.