O Espelho

É de manhã!

As frestas de sol invadem o quarto, pelas imperfeições da velha janela de metal. Espantam o escurinho bom de cochilar.

Os canarinhos e bem-te-vis fazem a cantoria em frente ao portão, equilibrando-se nos finos galhos da pequena árvore que começa a crescer.

O dia lhe sorriu com sol e música!

Então é hora de levantar! Encarar o espelho e perceber os inchados olhos vermelhos!

Dormira pouco recordando o passado com as antigas fotografias!

Perdera-se em lágrimas nesta madrugada!

Olha bem para o reflexo no espelho e pergunta:

“O tempo me roubou a beleza inocente ou você,

Espelho cruel, é quem mente?”

É espantosa a sensação de que a alma está presa nas fotos.

A imagem que vê refletida é um espectro de si mesma!

Mas ontem não era dessa forma que enxergava!

Volta para cama, cobre a cabeça com o travesseiro! Não quer raio de sol, nem canto de pássaro, nem olhos vermelhos.

Deseja mergulhar em sono profundo na esperança de encontrar a ignorância perdida.

Michele Valverde
Enviado por Michele Valverde em 12/03/2015
Código do texto: T5167043
Classificação de conteúdo: seguro