Nova Ótica
Fazia tempo que não me sentia tão vulnerável.
Todas as certezas e convicções evaporaram tão rapidamente quanto uma gota d’água numa chapa quente. Não conseguia imaginar, nem com o maior esforço, o que poderia viver no próximo dia. Imensuravelmente triste!
Nunca fui de usar o álcool ou o tabaco como muleta. Nunca! Pelo contrário, fazia “deles” meus amigos. Companheiros que nunca me pediam nada, absolutamente nada, em troca. Sempre achei um saco encarar as chatices e a monotonia do dia a dia de forma sóbria. A vida e o destino sempre nos tratam feitos fantoches, e já que para isso não havia escapatória, achava pelo menos justo me embriagar e me entorpecer, de forma a tornar esse cansativo “espetáculo” mais fácil de ser aturado.
Pois é, e mais uma vez o ato mudou.
A cena muda bruscamente, sem nenhum aviso prévio, e agora tenho que deixar meus companheiros de “palco” para trás. Já não posso mais me embriagar para sentir a vida um pouco menos miserável e mesquinha. Acho até que, por fim, esse novo capítulo deveria se chamar: “A ótica clara e sóbria de uma vida miserável”.