desesperança
Pousei mais uma vez, e desta eu estava acordado num sonho e nao o contrário.
Duas asas brancas batiam bem acima de mim, sentido sul de qualquer lugar que fosse aquele azul. Haviam também nuvens e vento, cheiro de saudades jogadas a beira mar por aqueles que não estavam mais repousando ali. Era o meu paraíso favorito e eu havia ligado.
Um menino andava pela a areia molhada, seus pequenos pés quase não marcavam nada no solo. Cabelo balançando como pequenos redemoinhos dourados. Asas brancas indo para o sul. Batendo e batendo. Liberdade enfim.
Eu quase consegui morrer mais uma vez (se isso fosse possível) ou quase voltei a viver, e essa era a dúvida no ar, vida ou morte? Luz ou sombra? Deus ou nada?
Derrepente tudo faltou dentro de mim, não era mais nada belo porque não tinha beleza real. Não era mais calmo porque não era uma tranquilidade perpétua. Menino Jesus era qualquer um andando perdido, como eu andava.
A única coisa que sobrava era a falta de esperança, esperança na humanidade e na divindade também. Estávamos abandonados, a mercê do que quisesse acontecer ou pela sorte ou pelo azar.
Eu não quero acreditar em um paraíso assim, sem dono para comandar e sem luz para encaminhar a algum lugar bom.
Menino Jesus desapareceu naquela praia. O vento andava cansado, e eu também cansei e desapareci.