O Eu e o Nada

Não há mais laços.

Minha vida sufoca em uma experiência em terceira pessoa.

Apenas distantes intercessões de escolhas sustentam a minha identidade.

Desconheço o que sou.

Não vejo nada à frente que não o fluxo da rotina.

Tudo o que fiz e acreditei do meu mundo-de-lembranças esvaziou-se de significado. Estou certo de que nunca significou e, portanto, nada mais é partilhado por mim.

Existo apenas como um "Eu" sem qualquer relação verbal ou nominal. Apenas duas letras quaisquer de um alfabeto qualquer, que bem pode ser o nome de outra pessoa.

Sou uma peça remendada de qualquer maneira por células que insistem em continuar o ciclo. Ciclo de uma vida que não mais me pertence.

Nada me pertence.

Tenho nada. Sou nada. Ainda assim, este nada recusa a me engolir. Se nega a obliterar minha persistência assintótica.

Por que?