Solidão...

Está frio aqui. É o começo do outono. As folhas já começaram a cair das árvores, o cantar dos pássaros noturnos se modificou, e todos estão usando agasalhos para proteção contra as baixas temperaturas. Uso uma jaqueta agora. Uma jaqueta de marca! Sinto-me aquecido, porém sinto-me gelado por dentro. Meu coração está em estado de hipotermia. O cappuccino quente que tomo não consegue esquentá-lo. A quente fumaça do cigarro também não. É a sensação do abandono, do desamparo, e do esquecimento. Aquela velha sensação de "congelar" por dentro, e lentamente morrer, sem sequer poder gritar por socorro. Carros passam pelas ruas, pessoas caminham, algumas delas abraçadas. Uma daquelas vazias noites de outono, uma espécie de prelúdio silencioso para mais um inverno que se aproxima. Percebo que algumas pessoas na cafeteria aonde estou trocam carícias, beijos, e depois seguem seu caminho. Percebo a lua, sempre majestosa, que nessa época do ano parece brilhar com mais afinco do que nas outras estações do ano. Talvez ela queira confortar perdedores como eu... Quem sabe? Sinto a fria brisa soprar contra meu rosto, fecho meus olhos, pago a conta, saio, e sigo meu caminho, à pé, pelas desertas ruas desta metrópole. A fria selva de pedra, que me incita à vários pensamentos... Atrevo-me a mencionar o regozijar da impotência humana perante a magnificência do universo. Logo outro dia nascerá, o sol brilhará, e aí conseguirei dormir, enfim... Ouço as vozes em meu coração gritando: "Meu amor, desculpe-me! Perdoe-me! Volte para meus braços!" Mas a fria brisa da noite cala minhas vozes, e percebo que tudo o que tive um dia agora jaz morto, e esquecido. De repente sinto-me perdido, e aí recobro a consciência: "O que estou fazendo, caminhando como um andarilho?" Volto para o carro, desligo o alarme, abro a porta, sento-me, ligo as chaves, e sinto a fria lágrima rolar sobre meu rosto. "Não, esqueça. Ela não voltará. Procure outra! Mas, que outra, se ela roubou meu coração, e acabou jogando fora..."

Pablito_
Enviado por Pablito_ em 28/02/2015
Reeditado em 29/10/2015
Código do texto: T5153698
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