A menina do vestido.

Por muitas vezes distraída, nunca imaginei que estivesse tão perto de mim.

Talvez por saber que somente te ver não caberia, teria que te sentir.

Às vezes parece que o coração toma as rédeas do cérebro, impedindo de processar qualquer informação antes de poder nele chegar.

Porque quando menos se esperar o coração já estava dizendo sim, ao que deveria dizer não!

E ao primeiro contato visual que tivesse eu saberia que já estava em mim.

Como entender como tudo isso que se constrói dentro de nós?

O coração que antes morto e sepultado, estava ali, vivo novamente, fazendo as mãos suarem, os olhos brilharem, os lábios secarem.

Como eu conseguiria disfarçar, se você conseguia ouvir as batidas do meu coração, e por um momento usou daquela melodia para fazer música para si?

Cada gesto seu, cada palavra, parecia que eram em câmera lenta, todos eles completavam tudo aquilo que em mim faltava.

E qual é o melhor alimento para um coração descontrolado do que um “sim”?

E nesse sim para ti me despi de todas as formas.

Mas nem tudo correu conforme eu imaginava.

O coração cria ilusões que a mente não consegue captar.

A menina do vestido que conhecera a anos atrás, hoje não tinha mais nada além das vestes sujas e rasgadas, entre os erros e tropeços da vida, ficaram para trás toda beleza que existia em si, mas que ao se defrontar com a luz que você emanava, tomou-se de esperança e não teve medo de se despir.

Toda sua força, em que carregava no seu ser, parecia que eram suficientes para tirar aquele vestido de menina e troca-lo por uma couraça, uma armadura que pudesse lhe proteger e revestir.

E quando me vi nos seus braços assim me senti.

Mas me enganei achando que vestes novas caberiam em mim, não havia percebido que o tempo inchou, todas as emoções que existia dentro de mim, e assim mais nada poderia substituir aquelas vestes rasgadas, e agora?

O que fazer com a veste que não pôde ser trocada?

O coração continua batendo na mesma melodia em que você insiste em conduzir, mas agora danço nua, com as mãos sobre o rosto e totalmente envergonhada por não ter como me vestir.

Por favor, não desvie seus olhos de mim por me ver assim.

Essa minha nudez é o excesso de confiança aquilo que me trás.

E mesmo que não possa me vestir, me ajuda a revestir aquilo que em minha vida ficou pra trás, não solte a minha mão e me ajude a seguir por caminhos, onde toda essa vergonha fique para trás, que eu não tenha que me cobrir com os retalhos que ficou ao chão, se o seu abraço não pode ser o revestimento do meu corpo, que seja a proteção.

Não poder ter aquilo em que o coração processou mais rápido que a razão não te impede de ser um anjo, um amigo...

Só o que peço, não deixe a luz do seu olhar me ferir, cubra-me somente até eu me revestir,de forma em que eu me encontre mais segura em qualquer lugar que possa ir.

Sol Almeida Bianchi
Enviado por Sol Almeida Bianchi em 26/02/2015
Reeditado em 26/02/2015
Código do texto: T5150516
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