O Cercado
O odor fétido invadiu-lhe as narinas. Percebeu que tudo ao redor estava podre. As carnes balançam, pelo ritmo musical decadente e indecente, com ares irônicos de um (in)feliz dançar.
As moscas estão sentando em cabeças imundas, que se não estão pensando em bundas, profanam demagogias políticas e proclamam ideiais de amor. A dúvida é saber se ele existe! Um ser desocupado, em muitos anos já passados, fazia tudo errado e inventou o tal Amor! Sua invenção, de tão falha, o contradiz e fere mais que navalha.
Alguém observa o mundo de cima da muralha, o que ajuda e também atrapalha! Óbvio. Se descer dela resta cair na ludibriação da mais louca criação e terá que acreditar que tudo isso é evolução.
Se manter-se, sentado no muro, fumando um cigarro lá do alto, sem cheiros, moscas e mentiras, será apontado por um povo irado, e julgado como um verme desgarrado!
Decide que ficará estagnado, com a cabeça perto da lua, pois prefere sua louca sanidade à insana lucidez do mundo!