Cama.
Acordo e vejo a cama desarrumada, e percebo que na realidade não é só a cama. Eu sou uma bagunça e minha cama apenas retrata isso.
Minha vida se resume em arrumar a cama dos outros. Sempre coloco a bagunça dos outros antes da minha.
Não sei o porque nem onde comecei com isso, mas ajudar os outros sempre foi algo mais significante do que me ajudar. E longe de pensar que fosse algo que me fizesse me sentir melhor, ou superior. Apenas acho que a minha dor é sempre menor que as outras.
Eu sempre digo que cada dor é um mundo, mas parece que não tenho um mundo. É estranho pensar isso, mas me sinto totalmente desconexo com as coisas. Sinto que não sou daqui.
Um dia eu senti que sou, hoje eu sinto que fui.