Sábio e tolo
Levando-se em conta que um sábio, como percebo em leituras e em conversas, seria aquele que entre outras coisas aprendeu, ou descobriu, a "arte" de ser feliz, de estar de modo pleno no gozo da plena felicidade, então não vejo muita diferença entre um tolo e um sábio. Um, o primeiro, nada sabe (ou quase nada sabe), e crê que muito sabe, o outro, o segundo, sabe alguma coisa (as vezes até sabe muitas coisas), porém o que sabe é de uma sabedoria inútil, egoísta, e de praticamente nenhuma valia para o social, pois que em sua sabedoria alienada do real sofrimento de irmãos, encontra sua felicidade em fingir que transcende a própria desumanidade que o faz um não revoltado, e um não atuante na transformação do que aqui está, que o faz assim insensível e não empático, pois que não sente, não vibra, não sofre, e não divide a dor real com inúmeros irmãos, estes em pleno desprazer do sofrimento. Por isto não creio em sábios, ou melhor, não aceito que sábios existam, pois que alienados do sofrimento e da dor dos irmãos, a possível sabedoria adquirida por estes pretensiosos sábios, passa a ser estéril, desprovida de causa social, e fria. Da mesma forma que não valorizo em nada os sábios sem revolta prática, com esta mesma força, não dou valor especial algum aos tolos, a menos do respeito humano que me merecem. Não creio em sábios, tolos, profetas, “reveladores”, ou autoridades do saber. O sábio neste texto nada tem a ver com aquela sabedoria do conhecimento, da pesquisa, da busca racional, do crítico experimentalista, ou do teórico científico, e sim com aquele que acredita ter transcendido a animalidade humana (como se fosse possível viver à parte de nossa animalidade, como se fosse possível ser humano sem antes ser animal, mamífero, grande primata, e homo sapiens), quase como um algo místico, ou mesmo secular, mas que se acha capaz de guiar cegos, mal sabendo ele que a cegueira da desumanidade já o pegou a algum tempo, quando crê poder ser feliz por inteiro, sem obrar na transformação formal desta sociedade. Meditar nada transforma, orar nada constrói, fazer caridade ajuda (é até necessária emergencialmente) no aqui e agora, mas nada traz de novo e revolucionário para a dignificação do humano a médio ou longo prazo.
Só acreditaria em sábios quando estes se expusessem de corpo e mente pela transformação humana e social da realização de nosso presente, quando se comprometessem no pleno compromisso de se doarem pela valorização da vida, pela busca incessante da inclusão social de todos, pelo fim dos preconceitos e das exclusões, pelo amor e pelo respeito a todo e a cada um, e pela sensibilidade empática de entender e dividir o sofrimento dos menos favorecidos, dos excluídos, dos que sofrem preconceitos, dos diferentes, e dos perseguidos, estejam eles aqui, ali, ou acolá, estejam eles próximos ou distantes, sejam eles dos nossos, ou dos outros, sejam eles até mesmo contra nós. Sabedoria estéril, quero distância dela. Sabedoria apenas para o meu bem e deleite, quero longe de mim. Sabedoria desumana, preferia extirpá-la em todos.
Levando-se em conta que um sábio, como percebo em leituras e em conversas, seria aquele que entre outras coisas aprendeu, ou descobriu, a "arte" de ser feliz, de estar de modo pleno no gozo da plena felicidade, então não vejo muita diferença entre um tolo e um sábio. Um, o primeiro, nada sabe (ou quase nada sabe), e crê que muito sabe, o outro, o segundo, sabe alguma coisa (as vezes até sabe muitas coisas), porém o que sabe é de uma sabedoria inútil, egoísta, e de praticamente nenhuma valia para o social, pois que em sua sabedoria alienada do real sofrimento de irmãos, encontra sua felicidade em fingir que transcende a própria desumanidade que o faz um não revoltado, e um não atuante na transformação do que aqui está, que o faz assim insensível e não empático, pois que não sente, não vibra, não sofre, e não divide a dor real com inúmeros irmãos, estes em pleno desprazer do sofrimento. Por isto não creio em sábios, ou melhor, não aceito que sábios existam, pois que alienados do sofrimento e da dor dos irmãos, a possível sabedoria adquirida por estes pretensiosos sábios, passa a ser estéril, desprovida de causa social, e fria. Da mesma forma que não valorizo em nada os sábios sem revolta prática, com esta mesma força, não dou valor especial algum aos tolos, a menos do respeito humano que me merecem. Não creio em sábios, tolos, profetas, “reveladores”, ou autoridades do saber. O sábio neste texto nada tem a ver com aquela sabedoria do conhecimento, da pesquisa, da busca racional, do crítico experimentalista, ou do teórico científico, e sim com aquele que acredita ter transcendido a animalidade humana (como se fosse possível viver à parte de nossa animalidade, como se fosse possível ser humano sem antes ser animal, mamífero, grande primata, e homo sapiens), quase como um algo místico, ou mesmo secular, mas que se acha capaz de guiar cegos, mal sabendo ele que a cegueira da desumanidade já o pegou a algum tempo, quando crê poder ser feliz por inteiro, sem obrar na transformação formal desta sociedade. Meditar nada transforma, orar nada constrói, fazer caridade ajuda (é até necessária emergencialmente) no aqui e agora, mas nada traz de novo e revolucionário para a dignificação do humano a médio ou longo prazo.
Só acreditaria em sábios quando estes se expusessem de corpo e mente pela transformação humana e social da realização de nosso presente, quando se comprometessem no pleno compromisso de se doarem pela valorização da vida, pela busca incessante da inclusão social de todos, pelo fim dos preconceitos e das exclusões, pelo amor e pelo respeito a todo e a cada um, e pela sensibilidade empática de entender e dividir o sofrimento dos menos favorecidos, dos excluídos, dos que sofrem preconceitos, dos diferentes, e dos perseguidos, estejam eles aqui, ali, ou acolá, estejam eles próximos ou distantes, sejam eles dos nossos, ou dos outros, sejam eles até mesmo contra nós. Sabedoria estéril, quero distância dela. Sabedoria apenas para o meu bem e deleite, quero longe de mim. Sabedoria desumana, preferia extirpá-la em todos.