João Pedro Rufino promete embalar vários sucessos na sua carreira.
Ele é o Azeitona da novela Alto Astral.
 
No capítulo que foi ao ar em 5 de janeiro, havia uma grande expectativa quanto a uma partida de tênis importante e decisiva. O atleta Felipe da Silva enfrentaria um russo, todos queriam acompanhar a participação do brasileiro.
Azeitona falou animado:
_ O Felipe da Silva vai dar um chocolate nesse russo descascado.
 
A expressão russo descascado combina com branquelo, amarelo ou algo desse tipo. Realmente quem é mais clarinho e vai pouco à praia, se encara muito sol, costuma ver sua pele descascando.
Incomoda bastante, contudo ficou estranho demais escutar a frase na boca de um personagem negro.
 
Os branquelos, os russos descascados, os amarelos podem sofrer com certas expressões, mas certamente jamais o sofrimento deles poderá ser comparado com as amarguras que os negros não cessam de enfrentar.

Nossas televisões continuam dinamarquesas.
Os negros não aparecem, quando aparecem ficam no fundo, a câmera os evita, enfim, o mundo televisivo segue com a “cara branca”.
Os discursos são bonitinhos, o papo furado é enorme, existem imbecis garantindo que o racismo está superado, criticam as cotas e qualquer medida favorecendo aqueles que tanto estão marginalizados.
 
Apesar disso, no triste mundo real, o racismo prevalece.
Dessa forma, causa indignação conferir o autor Daniel Ortiz colocar um personagem negro para dizer “russo descascado”.
Logo um personagem negro em mais uma novela que quase não possui negro? Será que o Daniel foi inocente?
Imagino que não.
O autor parece saber das coisas.
 
Ele e nós sabemos que, na hora de escolher entre o russo descascado e um negro, a oportunidade costuma preferir o branquelo.
 
* Infelizmente os negros curtem ainda a desigualdade e o preconceito.
No momento que repartem os salgados, por exemplo, nas festas dos ricos, os convidados negros, caso estejam bem distraídos dançando ou papeando, correm o risco de não provar as deliciosas empadas.
Coxinhas e pastéis nem pensar.
Mesas vazias, olhares desconfiados e resto!
 
Ah! Quase eu esqueço...
Às vezes sobra uma azeitona.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 05/02/2015
Reeditado em 05/02/2015
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