Perdido em mim

Olho no espelho, mas não reconheço a figura que é refletida. Minha aparência, tal como minha personalidade já não são como costumavam ser. Do que eu já fui um dia pouco restou. Percebo que as mudanças nada têm haver com tempo que passou, e sim com o modo que o desperdicei. Das escolhas que fiz, a valorização de coisas passageiras e tão supérfluas, uma crença incontrolável e inexplicável no que é ilusório. Sinto que criei correntes e me aprisionei ao nada, estou parado enquanto assisto minha vida passar e escorrer pelos meus dedos.

Olho ao meu redor, vejo que possuo todas as coisas que uma pessoa sã gostaria de ter para se considerar feliz. Sinceramente triste, reconheço que não demostro alegria ou entusiasmo pelo que tenho ou faço. Não por que eu não queira, nem por que ache que eu não mereça, e sim porque sou um fraco, um viciado, um egoísta inconsequente e insolente, que olha com desdém suas expectativas e aspirações.

Fecho os olhos, me pergunto qual o tamanho do vazio que existe me mim. Me vejo como uma caverna, que parece tão resoluta por fora, mas que por dentro é feita de solidão,escuridão e insegurança. Já não sei se tenho forças para sair deste loop infinito tão resumido a mim mesmo. Esqueci quantas vezes me comprometi a não voltar a esse estado de inércia, mas é difícil acreditar em palavras quando meus atos dizem exatamente o contrário. Penso que sou como o Pendurado do jogo de tarô.

Abro vagarosamente meus olhos, percebo o mundo e as oportunidades que ele trás. Mas não sinto os raios do sol queimarem minha pele, nem ouço o grito confuso da multidão. Preciso encontrar uma âncora que me tire dessas profundezas e me leve de volta a superfície da vida. Encontrar a saída desde labirinto interior. Não sou uma má pessoa, só estou cansado e perdido em mim mesmo.

Gil Raider
Enviado por Gil Raider em 02/02/2015
Reeditado em 05/11/2015
Código do texto: T5122876
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