Solidão

Quando te conheci eu vivia em estado de alienação,

Alienação de mim, do meu corpo sem meu domínio, da minha vida sem direção

Você me curou de um mal que me assolava desde minha consciência

O medo da solidão.

Na solidão me criei. Me vi e dormi.

Na solidão busquei homens e distrações

E encontrei você na minha maior solidão,

eu havia me abandonado em algum canto por aí.

De tanto sonhar em não tê-la, ela ficava mais forte e sombria.

E você me curou, do mal que eu achava que havia.

No calor de uma prole eu me vi amada.

Você me deu o antídoto paras meus demônios de então.

Não obstante o tempo cura e o tempo mata.

Matou a menina e curou o corpo.

A minha alma continuou seu caminho.

Donzela sem rei me vi solitária em meu leito de amor e vida.

Na porta trancada me perdi de mim novamente.

Mas aqui eu não me vejo, no espelho não está o meu reflexo e eu me procuro em todos os cantos da casa.

Perdia, solitária e amada.

Na cura do medo, a solidão se transformou de repulsa em desejo,

e hoje eu só quero sair só

Mas hoje nossos demônios me perseguem.

Os seus e os meus.

Hoje o seu medo me ronda e me atormenta enquanto eu só quero sair só.

Na minha dança esquecida do meu baile de vida perdi o passo, perdi o gingado e endureci.

A rigidez da minha carne me trás a vontade de sair só.

Me libertar de mim. Sair do corpo e voar livre.

A porta que leva ao paraíso ainda mantenho trancada com medo dos meus demônios

Minhas vontades são minhas mais puras verdades aquelas que nego

Aquelas que negocio no dia a dia dando de bandeja meus sonhos ao cotidiano morno e furioso.

Foi suicídio em vida.

Perambulo meus dias entre amor e solidão e na liberdade da minha dependência te espero todos os dias.

Da liberdade que tanto sonhava em alcançar sem a solidão eu me perdi pois o caminho era inverso.

Aquela cura agora é doença.

Tomei o rumo de volta e ainda não me encontrei.

Pois ainda não consegui cruzar a porta da minha alma