INSONIA...
Acordei em uma noite qualquer. Um calor extenuante percorre-me a nudez. O corpo atrasado preso na inquietação a pele suada carregada com o cheiro da vida. Plena de luas e o sabor das tristezas ainda aqui tão perto.
As palavras presas na dor. Por vezes o calor derrete a memoria e as canções ecoam como martelos de forma possessiva. As vozes nunca cessam enquanto o vento se embala nas horas. Estou bem mas não sei o que o futuro me reserva. Alguém saberia?
Uma madrugada, tomada pela solidão, atenho-me a um sorriso amargo, mas simpático. Na verdade, faz muito que não sei qual sorriso tenho, mas sei que me perturba os sentimentos e as palavras vãs... Deve ser por isso que passo os meus dias a fazer desaparecer as que tento escrever.
O banal rasga todas as páginas. Por todo o lado a vida afoga-se e custa respirar neste mar ruidoso que esmaga o silêncio extenuado. Fico a deturpar as letras de canções antigas e utilizando uma imagem de fotografia do passado, fico a exclamar: Estou preso e tu mais presa estás e existe uma vida para viver.